Volta à cena um velho tema. A paternidade atribuída a um celibatário. O enredo se desenvolve no Paraguai e tem como personagem principal nada menos que o próprio presidente da República.
Antes de sua eleição, Fernando Lugo era bispo da Igreja Católica Romana. Agora, passado alguns meses no exercício do cargo presidencial, é apontado como pai de três crianças.
O assunto, inerente à esfera da intimidade, tornou-se público e tomou feições políticas. A oposição paraguaia, aproveitando-se do surgimento da prole, deseja o afastamento de Lugo.
O debate é intenso. Os meios de comunicação preenchem expandem espaços para noticiar o inusitado: um bispo pai. A análise do episódio permite inúmeros ângulos de observação.
Certamente, o mais sensível sob o ponto de vista das pessoas é aquele da intimidade. Pode a vida privada das pessoas - mesmo que ocupem altos cargos - ser esmiuçada sem qualquer constrangimento?
É pergunta que se impõe. Na contemporaneidade, como doença endêmica, surgiu o deplorável vício de violação da privacidade das pessoas, tornando-as passíveis de uma exibição danosa.
Exatamente isto ocorre, no Paraguai com o caso do bispo afastado Fernando Lugo. Todos se preocupam em conhecer sua vida pregressa e sua intimidade. Os seus passos pretéritos.
Há uma procura diabólica de novos filhos para o presidente. Uma caça a mais um membro para a prole em franco crescimento. Nada moralista. Simplesmente, a presença de um manifesto sadismo. Sadismo coletivo.
Outro ângulo de visão se coloca no campo religioso. A tradição católica, a partir do século IV, exigiu dos sacerdotes a adoção do celibato. Foram resoluções dos Concílios de Elvira (306) e de Roma (386).
Agora a indagação é direta: a imposição do celibato, em pleno século XXI, condiz com os atuais costumes e com as novas exigências da nova cultura do corpo?
É resposta de aparente simplicidade. Parece ser inoportuna a castidade por ferir a própria condição humana. A virgindade consagrada só pode se originar de casos especiais e respeitáveis de opções individuais.
Exigir a todos aqueles que desejam se dedicar ao sacerdócio a castidade obrigatória parece ferir o bom senso médio. Ou permitir o surgimento de situações extremamente degradantes.
O caso do bispo Lugo - hoje presidente da República - é emblemático. Um homem dinâmico com vocação de líder vê-se envolvido em uma teia de circunstâncias próprias do cotidiano das pessoas.
Deplorável, mas compreensível. Apontá-lo como um transgressor é romper os limites do pensamento médio das sociedades contemporâneas. Elas são mais compreensíveis com as fragilidades humanas.
Dramática a situação vivida por Fernando Lugo. Ainda mais dramático é o silêncio da hierarquia. No Paraguai, prelado manifestou-se contrário ao Presidente.
Roma, porém, preservar-se em profundo silêncio. Cala-se. Não deseja alterar a regra imposta pela tradição. Foge do tormentoso tema: o celibato imposto ao clero.
Todas as divagações se originam de um país com profundas raízes religiosas. Todas as ordens católicas históricas encontram-se no Paraguai a longa data.
Franciscanos, dominicanos e jesuítas instalaram-se entre os paraguaios desde os primeiros anos da presença espanhola. Encontraram as populações autóctones com seus usos e costumes.
Estas liam os fenômenos naturais e, a partir destes, deslocavam-se pelo imenso território formado por espaços hoje distribuídos entre a Argentina, Bolívia, Brasil, Uruguai até alcançar os altiplanos peruanos.
Por este imenso território deslocavam-se quando da ocorrência de eclipses totais do sol ou a produção de tornados e enchentes. Nestas oportunidades, os pajés aconselhavam os grandes movimentos coletivos.
Iam os guaranis e as outras etnias em busca de Yvy Marâe Y, a Terra sem mal, onde estariam ao abrigo de todos os cataclismos. Não ocorrem tragédias coletivas no Paraguai de hoje. Felizmente.
O mal resta na mente de quem, baseado nas tradições, preserva práticas contrárias à natureza humana. As conseqüências se encontram por todas as partes. Não há pajé que resolva.
Em Tempo:
Maligno, senhor Claudio Lembo, é um homem que se diz pastor das ovelhas do Cristo, que usa da sua autoridade "moral", da fraqueza espiritual e da extrema necessidade de certas pessoas para satisfazer os seus instintos bestiais. Esse senhor que atende pelo nome de Fernando Lugo, é um imoral, desumano e dissimulado. E o que é mais grave ainda: coloca seres no mundo e não assume a paternidade dessas pobres criaturas, suas vítimas. E sem demonstrar qualquer sentimento humanitário, ainda se nega em reconhecer a paternidade dos seus filhos. Senhor Claudio Lembo: sair em defesa de um ser ignóbil, como esse que ocupa a presidência do paraguai, é se nivelar a ele. Eu teria vergonha de sair em defesa de um mâniaco e pervertido sexual. O ex-governador de São Paulo, se ainda tivesse idade para disputar qualquer cargo eletivo, ao sair em defesa de Fernando Lugo, não teria mais futuro político. Ainda bem que esse senhor beirando aos 80 anos não será candidato a mais nada. Esse bispo enxovalha a Igreja católica e cobre de ridiculo os seus defensores. Claudio Lembo aidna teve o desplante de chamar de sádicos, os jornalistas que denunciam essa imoralidade. Eu fiz questão de grifar o que de mais absurdo existe nessa matéria Imoral não é deixar de ser celibatário, é abandonar os filhos e as mães dos filhos à sua própria sorte. (DS)
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