Duas festas-surpresa salvaram passageiros do voo AF 447 da Air France, domingo. Com o analista de sistemas Omar Zagnolli, 35, foi o aniversário da esposa que o fez desistir de viajar no dia da tragédia. “Eu quis ficar e fazer uma surpresa, apesar de estar com a passagem marcada. É inacreditável pensar que poderia nunca mais ver meus filhos”, disse Omar, que remarcou a ida à França para outro AF 447, ontem, às 19h, no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Mais cedo, às 16h20, partiu o voo AF 442.
Outra festa-surpresa salvou a nutricionista Fernanda Santana, 32, e o filho, Rafael Lafioti, 1. Eles só embarcaram no AF 447 de ontem porque, no domingo, a família organizou uma festinha para Rafael. “Acho que foi a mão de Deus. Já estava tudo certo para viajar e resolvi ficar mais um dia”, desabafou a mãe.
Comandante brasileiro filma descarga elétrica que assusta pilotos
PROCISSÃO SALVA FREIRA
Já a freira Sampieri Conceição, que mora na França, mas que trabalha como voluntária em cidades do Nordeste, foi salva por uma procissão que atrasou. O padre que a pegaria no Aeroporto Charles de Gaulle avisou que, por causa de um contratempo num cortejo, não poderia buscá-la. Ela, então, achou melhor ficar mais um dia. “Estava tudo pronto, mas troquei o voo. Acho que não era a hora. Nem estou com medo de voar”, afirmou.
Apreensivos, alguns passageiros que embarcaram para Paris ontem não conseguiram conter as lágrimas. A pedagoga Janaína Silva, 36, deixou o setor de embarque chorando e disse que só viajou ontem porque não poderia adiar. “Estou com medo, mas não acredito que mais um avião cairá”, ponderou.
Folga livra doméstica
Apesar do medo de encarar a rota do AF 447, passageiros que escaparam do voo que desapareceu no domingo viajavam aliviados. A empregada doméstica Neide Viana, 45 anos, que mora em Portugal, foi uma delas. Suas férias no Brasil terminariam no domingo, mas sua patroa só conseguiu marcar a volta para a Europa ontem, dando uns dias a mais no Rio de Janeiro. “Agora vou comemorar meu aniversário em duas datas. Nasci de novo e devo isso à minha patroa”, comemorou Neide, que embarcou apenas um pouco apreensiva.
Ao contrário de Neide, tranquilidade era uma palavra desconhecida pelo alemão Thomaz Bunk, 34. Ele estava de férias no Brasil, mas, ontem, horas antes de embarcar, confessou à namorada brasileira que estava com medo. “Ele não consegue esconder isso. Na verdade, ele nunca gostou de avião. Mas tenho certeza de que vai dar tudo certo”, torceu a bancária Beatriz Amorim, 35. (O Dia Online e blog Dom Severino)
Nenhum comentário:
Postar um comentário