Aqui no Brasil, os anos 1940 nos brindou com o nascimento dos futuros discotecários da década de 70: Ademir Lemos, Messiê Limá e Big Boy.
Ademir Lemos esteve no comando da Boate Le Bateau, no início dos anos 1970, foi pioneiro entre os discotecários. Numa época em que as casas noturnas apresentavam somente música ao vivo, a boate Le Bateau, na Praça Serzedelo Corrêa , no Rio de Janeiro, inovava apresentando música dançante em discos, com Ademir à frente da casa, na seleção de músicas. Ele não ficava atrás da aparelhagem de som: recebia fregueses e dançava junto, animando a festa.
Ademir contava que se tornou discotecário graças aos seus dotes de dançarino. Ele dizia ter sido a primeira chacrete da TV, dançando rock no programa “Brotos no Comando 1966”, na TV Continental. Da boate, o discotecário passou a fazer shows de rock ao ar livre e bailes no Canecão com Big Boy.
Lemos comandou o programa “Som Livre Exportação” e promoveu a música negra. Lançou um disco de funk carioca, do qual surgiu o hit “Melô da Rapa” (1993), com samples da música “Money for nothing” do grupo Dire Straits. Em 1996, Ademir Lemos sofreu um derrame que o deixou paralizado. Foi morar com sua filha, em São Paulo, e morreu no dia 24 de fevereiro de 1998, aos 52 anos, de complicações de uma cirurgia, após uma queda.
Messiê Limá, o maranhense Raimundo de Lima Almeida, morreu aos 51 anos, em junho de 1993, vítima de problemas renais. Segundo o Jornal do Brasil, Chegou a reunir mais de 20 mil pessoas em bailes black no Maracanãzinho. Messiê começou sua carreira de DJ na boate Poker Bar, no Rio de Janeiro. Com o tempo, trabalhou em várias outras casas noturnas, entre elas, a Le Bateau, a Sambatoque (cujo porteiro era Tony Tornado) e Sachinha´s. Limá era então um artista de sucesso.
Freqüentador do Posto 2 de Copacabana, costumava a passear com seu Simca Chambord todo bordado, com o qual escalava louras altas e pescava gatinhas jolies, como gostava de dizer. Depois de conquistar a noite, Messiê Limá passou a trabalhar na televisão, em programas como Discomania, panorama Pop e Som na Caixa, onde usava expressões francesas. Antes de morrer, colocou à venda sua enorme coleção de discos. Foi o inventor da gíria "prafentex", termo que ecoou durante uma geração.
Big Boy foi produtor, locutor, programador e manteve um elo muito próximo com a juventude setentista. Observador e ligado nas mudanças e nas novas tendências musicais, o discotecário trouxe idéias que revolucionaram o sistema de programação de rádio. Segundo a enciclopédia online, Wikipédia, Big Boy iniciou uma coleção que chegou a 20 mil discos, ainda na sua adolescência. Foi na rádio Mundial que Newton Alvarenga Duarte ganhou o apelido de Big Boy e com sua postura descontraída complementava as músicas que tocava com informações “quentes” sobre o mundo do disco, com um estilo de locução que fez escola no Brasil.
Apresentou programas como o “Papo Pop”, na TV Record, de São Paulo, trabalhou na Eldorado FM, e inovou ao apresentar, em sua participação diária no Jornal Hoje, da TV Globo, clipes com músicas de sucesso do momento. Sua discoteca foi um acervo cultural importantíssimo, pois retratava vários períodos do cenário da música mundial.
Big Boy morreu vitimado por um ataque cardíaco em 1977, segundo o jornal o Globo, ou por um ataque de asma, na versão da Wikipédia, num quarto de hotel em São Paulo.
De acordo com o Tom Leão, que escreveu um artigo no Globo (1993) sobre os três discotecários, na época, “o termo disc-jockey, servia mais para locutor de rádio, e o DJ, como conhecemos hoje, era chamado de sonoplasta ou operador de som. O trio ( Limá, Big Boy e Lemos) dominava as atenções e fez a transição entre o sonoplasta de boate, aquele cara que só botava cassete de rolo pra rodar (Limá ), o DJ de rádio que também atacava nos bailes (Big Boy) e o que estava metido com algum movimento cultural da época (Lemos, com a explosão Funk Rio, a versão carioca do Black Power americano). O curioso é que naqueles tempos, mesmo nas fases em que o funk ou a discoteca dominaram, a mistura de estilos era saudável e não causava problemas. Era comum um baile animado pelo trio tocar rock e soul misturado com funk e a disco, numa boa. O que importava era a batida e o desejo do público.”
Aí estão trabalhos feitos antes das equipes de baile, antes do Hip-Hop e da música eletrônica de pista. Com o passar do tempo, o vinil e as mãos do DJ se transformaram numa arma cultural e política que invadiu os anos 1980 e está presente nos nossos dias.(O Globo e blog Dom Severino- Memória)
2 comentários:
Conheci o Big Boy através dos clips
no Jornal Hôje,isso por volta de 73
Em 76,conheci seu disco intitulado
The Big Boy Show,onde o mesmo apre-
sentava os astros de forma anárqui-
ca e com muito bom humor.Já o Ade -
mir conheci através de um único dis
co chamado Ademir,1 Ano Depois,onde
continha Soul Musics de primeira li
nha,com as músicas sendo intercala-das por instrumentos de Samba(?)is-
to é: Cuíca,Reco-Reco,Tamborim,Sur-
do e etc.Quanto ao Messiê Lima,nun-
ca ouvir falar.Valeu pela lembrança
desses saudosos Dj´s.,portanto,se -
ria importante destacar suas disco-
grafias aqui nesse Blog.
Participei, como DJ da Barra, do último encontro com Messiê Limá no Cassino Royale. Foi uma festa de despedida exclusiva, que reuniu diversos DJs da época. Logo depois, em junho de 1993, Messiê Limá faleceu aos 51 anos, vítima de problemas renais.
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