quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aécio Neves fez um discurso digno de um líder da oposição

O primeiro discurso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), da tribuna do Senado, pela sua contundência, visão critica, segurança e objetividade, lhe posiciona com quem pretende assumir a liderança da oposição, que passado as eleições, ficou meio desnorteada e sem comando.

Com esse seu discurso, Aécio Neves toma para si a responsabilidade de liderar a oposição, que a partir desse seu discurso, vai se sentir mais segura, porque vislumbrou na sua postura, alguém com capacidade para liderar a oposição e conduzi-la a uma condição de lhe permita voltar a sonhar com o comando da nação. Pois desde que FHC deixou a presidência, o PSDB vinha perdendo espaço e com uma tendência a vir a desaparecer do mapa político brasileiro.

A reentre do senador Aécio Neves, como politico de dimensão nacional,  no dia de hoje, representa um momento histórico, porque nesse seu discurso, o ex-governador de Minas Gerais, procurou desmitificar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, ao identificar nos avanços brasileiros, o resultado de ações desenvolvida pro alguns governos que antecederam aos governos Lula. Citou nessa oportunidade, os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, como corresponsáveis por esses avanços, sem desmerecer o esforço de Lula em manter as políticas herdadas dos governos anteriores. Esse o seu maior mérito, segundo Aécio Neves. 

Tomo a liberdade de destacar aqui, alguns pontos do discurso de Aécio Neves, que considero como sendo emblemáticos, da postura de um político que se revelou preparado para liderar a oposição e conduzi-la a seu verdadeiro destino. Ei-los:

“Os que ainda não me conhecem bem e esperam encontrar em mim ataques pessoais no exercício da oposição vão se decepcionar.
Não confundo agressividade com firmeza.
Não confundo adversário com inimigo.
Os que ainda não me conhecem bem e acham que vão encontrar em mim tolerância diante dos erros praticados pelo governo, também vão se decepcionar”.
“O Brasil de hoje é resultado de uma vigorosa construção coletiva que, desde os primeiros sopros da nacionalidade, vem ganhando dimensão, substância e densidade.
Ao contrário do que alguns nos querem fazer crer, o país não nasceu ontem.
Ele é fruto dos erros e acertos de várias gerações de brasileiros, de diferentes governos e líderes, e também de diversas circunstâncias históricas e econômicas”.

“Não podemos nos esquecer das grandes diferenças que marcam a visão de país das forças políticas presentes na vida nacional nas ultimas décadas.
Porque, por mais que queiram, os partidos não se definem pelo discurso que fazem, nem pelas causas que dizem defender. Um partido se define pelas ações que pratica. Pela forma como responde aos desafios da realidade. Em 1985, quando o Brasil se via diante da oportunidade histórica de sepultar o autoritarismo e reingressar no mundo democrático, nós estávamos ao lado do povo brasileiro e do presidente Tancredo Neves. Os nossos adversários não. Permanecemos ao lado do Presidente José Sarney, naqueles primeiros e difíceis anos de consolidação da nova ordem democrática.Os nossos adversários não. Mais à frente, em um momento especialmente delicado da nossa história, quando foi preciso convergir para apoiar a governabilidade e o presidente Itamar Franco, nós estávamos lá. Os nossos adversários não. Recusaram, mais uma vez, a convocação da história. Para enfrentar a grave desorganização da vida econômica do país e a hiperinflação que penalizava de forma especial os mais pobres, o governo Itamar criou o Plano Real. Neste momento, o Brasil precisou de nós e nós estávamos lá. Os nossos adversários não. Sob a liderança do presidente Fernando Henrique aprovamos a Lei de Responsabilidade Fiscal para proteger o País dos desmandos dos maus administradores. Nossos adversários votaram contra. E chegaram ao extremo de ir à Justiça contra essa saneadora medida, importante marco da moralidade administrativa do Brasil. Para suportar as crises econômicas internacionais e salvaguardar o sistema financeiro nacional, estruturamos o Proer, sob as incompreensões e o ataque cerrado dos nossos adversários. Os mesmos que o utilizaram para ultrapassar o inferno da crise de 2009 e que o apresentam, agora, como exemplo de boa governança para o mundo. Estruturamos os primeiros programas federais de transferência de renda da nossa história. A partir de sucessos locais, como o do prefeito Grama, em Campinas, e do governador Marconi Perillo, em Goiás, criamos o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Auxílio Gás. Que, depois, serviram de base para, ampliados e concentrados, se transformarem no emblemático Bolsa Família. Quando os fundamos nossos adversários também não estavam lá. E, ironicamente, nos criticaram por estarmos criando políticas assistencialistas de perpetuação da dependência e não de superação da pobreza. As mudanças estruturais do governo Fernando Henrique, entre elas as privatizações, definiram a nova face contemporânea do País. A democratização do acesso à telefonia celular talvez seja o melhor exemplo do acerto das medidas corajosamente tomadas. Porque disso é feito um bom governo: de decisões e não apenas de circunstâncias. Senhoras e Senhores, faço essas rápidas considerações apenas para confirmar o que continuamos a ver hoje: sempre que precisou escolher entre os interesses do Brasil e a conveniência do partido, o PT escolheu o PT. Por isso, não é estranho a nós que setores do partido tentem, agora, convencer a todos de que os seus interesses são, na verdade, os interesses da nação. Nem sempre são. Não é interesse do país, por exemplo, a subordinação das agências reguladoras ao governo central, gestadas que foram para terem independência técnica e, pelo país, atuarem livres de pressões políticas. Não é interesse do país que o Poder Federal patrocine o grave aparelhamento e o inchaço do Estado brasileiro, como nunca antes se viu na nossa história. Da mesma forma, não posso crer que seja interesse do país que o governismo avance sobre empresas privadas, com o objetivo de atrelá-las às suas conveniências. Como se faz, agora, sem nenhum constrangimento, com a maior empresa privada do Brasil, a Vale, criando perigoso precedente.Senhoras e senhores, não sou, como todos sabem, daqueles cegos pela paixão política, que não se permite enxergar méritos no adversário”.

“O processo de governança instalado à frente do país -- com suas falhas, equívocos, mas também virtudes --, não conta apenas alguns dias. Pontua-se, de forma concreta, o início do 9º ano de um mesmo governo. Quase uma década. Ainda que seja nítido e louvável o esforço da nova presidente em impor personalidade própria ao seu governo, tem prevalecido a lógica dominante em todo esse período e suas heranças. Não há ruptura entre o velho e o novo, mas o continuísmo das graves contradições dos últimos anos. O Brasil cor-de-rosa vendido competentemente pela propaganda política -- apoiada por farta e difusa propaganda oficial -- não se confirma na realidade. E nós vivemos no Brasil real”.

Esses pontos destacados por mim, dão uma ideia do que pretende daqui para frente, o senador Aécio Neves, que por direito assume a liderança da oposição brasileira. Ele fez um discurso histórico e irretocável, o que lhe credencia para ser o novo líder da oposição.

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