segunda-feira, 11 de julho de 2011

Contra fotos não há argumentos

por Marta Tajra

Esta semana, um fato lamentável marcou o noticiário de um importante portal de nossa cidade. Num gesto deselegante e, no mínimo, desagradável, o secretário de turismo Silvio Leite, falando sobre as obras do aeroporto internacional de São Raimundo Nonato, desmentiu a fala da arqueóloga Niède Guidon, que em entrevista anterior, tinha dito que as obras do aeroporto estavam paradas. Mesmo não sendo do seu feitio, mesmo sendo um dos entusiastas da construção daquele aeroporto e mesmo sendo um defensor ferrenho do Parque Nacional da Serra da Capivara, Silvio Leite perdeu a elegância ou a compostura, se assim quiserem, e disse que Niède mentiu.

Niède está mentindo? Que motivos teria a arqueóloga de 78 anos (30 deles dedicados ao Parque Nacional da Serra da Capivara) para mentir? Na semana passada, Niède, que agora luta pela privatização do aeroporto, recebeu a visita de um empresário paulista que está fazendo os primeiros contatos com os investidores árabes e chineses interessados na privatização do aeroporto e em hotéis naquela região. “Ele ficou encantado e disse nunca ter visto nada igual! As paisagens, os animais, a arte rupestre deixaram o empresário de queixo caído...ele tirou cerca de oito mil fotos para apresentar aos futuros investidores”, relatou a arqueóloga em nota para o mesmo portal.

No final da tarde, foram visitar as obras do aeroporto. Ela havia dito ao empresário que havia apenas dois homens trabalhando, mas quando chegaram lá, havia quatro homens. Um aumento de 100% de trabalhadores na obra. Desse modo, o secretário está certo ao afirmar que Niède mentiu: “Conversei com as pessoas que estavam no local e me disseram que o governador comunicou a Construtora Sucesso que eles devem terminar o aeroporto em 150 dias e por isso eles estavam trabalhando muito! Imagine, quatro homens com um carrinho de mão, uma pá, pegando terra ao lado da obra, misturando o cimento com a mão, de forma bem artesanal!Para os trabalhos do Parque, nós, arqueólogas, usamos betoneira, trator, caçamba, retro escavadeira. Mas, numa obra da dimensão do aeroporto, não havia nenhuma betoneira”, exclama ela.

Após as queixas na imprensa apareceram mais homens na obra (agora são dez) e uma betoneira: “acho que sou uma excelente fiscal, toda vez que eu vou à obra, vejo que há um aumento de funcionários”, disse a este portal. Niède não se intimida e acha que a privatização do aeroporto e dos hotéis na região é a solução para que o Parque não caia nas mãos de traficantes de drogas (como já está acontecendo), de caçadores e predadores. 


Abaixo, algumas imagens recentes enviadas por Niéde Guidon ao portal mostrando que contra fotos não há argumentos.





































































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