O ensaio que transcrevo abaixo, de autoria do Francês Charles Baudelaire, escrito na virada do século XIX para o século XX é de uma atualidade inquietante.
“É impossível percorrer um jornal qualquer, seja qual for o dia, o mês ou o ano, sem deparar quase linha a linha com os sinais da perversidade humana mais detestável, quase sempre acompanhados pelas mais inverossímeis proclamações de honestidade, de bons sentimentos e de caridade, ou por manifestações da maior confiança em relação ao progresso e a civilização.
Da primeira à última linha todos os jornais não passam de um amontoado de horrores. Guerras, crime, roubos, atentados ao pudor, torturas, crimes públicos e crimes particulares – enfim, o delírio de uma crueldade universal.
E é com este repugnante aperitivo que o homem civilizado toma todos os dias o seu café da manhã. Tudo neste mundo transpira a crime: o jornal, a muralha e a face do homem.
“Custa-me a acreditar que se possa de mão limpa tocar num jornal sem sentir vômito de repulsa”.
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