terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Christine Lagarde: “2012 vai ser um ano de cura”


A diretora-gerla do FMI Christine Lagarde
Num momento decisivo para a economia mundial, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional pede respostas rápidas e coletivas aos europeus para impedir que países como Espanha e Itália tenham de ser resgatados, ameaçando a estabilidade do sistema.

O FMI participa com um terço da soma dos planos de ajuda a Portugal, Grécia e Irlanda, mas a crise está longe de estar resolvida.

Num discurso em Berlim, Christine Lagarde apontou algumas pistas que deverão ser seguidas pelos europeus: “Do meu ponto de vista há três imperativos. O primeiro é um crescimento forte, o segundo uma maior linha de proteção e o terceiro é uma maior integração”.

A chefe do FMI defende, por exemplo, o reforço dos meios financeiros aos mecanismos de ajuda a países em dificuldades e a rápida implementação desses fundos. O Mecanismo Europeu de Estabilidade deverá ser dotado de 500 mil milhões de euros e Berlim recusa-se a debater um aumento dessa soma. Christine Largarde é também a favor da criação das “euro obrigações”, como um forma a partilhar os riscos. Mas este é outro tema ao qual se opõe a chanceler Angela Merkel.
A euronews entrevistou Christine Lagarde.

Stefan Grobe - euronews: Começo com as perspectivas econômicas mundiais, no início de 2012. Nas últimas declarações s senhora mostrou-se preocupada com as perspectivas de crescimento e a incerteza crescente. Mas, recentemente, temos recebidos  dados econômicos positivos dos Estados Unidos, da Alemanha e da China. A senhora não está sendo demasiadamente pessimista?
 Christine Lagarde: Vimos certamente, nos últimos dias, sinais positivos, mas isso não resolve necessariamente os problemas que têm de ser resolvidos. Pensamos que 2012 deverá ser um ano de cura. Mas para isso têm de ser implementadas soluções abrangentes e de forma cooperativa. Por exemplo, os parceiros da zona euro devem focar no crescimento, no reforço dos meios de proteção e numa melhor e maior integração.

euronews: O FMI propôs, recentemente, aumentar a capacidade de empréstimo em cerca de 500 mil milhões de dólares depois de ter avaliado em um bilhão de dólares as necessidades de financiamento nos próximos anos. É um número extraordinário. O que quer fazer com esta soma?
C. L: (risos) Não são, de certezas, pelo prazer de angariar elevados montantes e de brincar com grandes números. Calculamos as necessidades de financiamento para os próximos dois anos, numa base mundial, no caso de avançarem medidas sensatas.

euronews: A questão seguinte é: Quem vai financiar isto? Os americanos já anunciaram que não pretendem transferir fundos adicionais para o FMI e mesmo o G20, na cupula do ano passado em Cannes, estava dividido sobre a questão. Os países da zona euro prometeram até 200 mil milhões de dólares, mas não é suficiente. Quem vai fornecer o resto dos fundos?
C. L: Há um compromisso por parte dos parceiros europeus. Recebi também indicações de outros membros do FMI que estão prontos a participar neste esforço, sobretudo, se os europeus dentro da zona euro decidirem reforçar o guarda-fogo. Neste momento há opções, negociações e vamos continuar as discussões com a esperança de que o FMI possa desempenhar o seu papel como esperam os seus membros e como está definido nos estatutos do Fundo.

euronews: Uma última pergunta: A senhora vai estar presente esta semana no Fórum Econômico Mundial. O que pretende concretizar? Quem quer encontrar?
C. L: (risos) Bem, em primeiro lugar quero e espero passar de forma adequada a minha mensagem de que o cenário que temos não é apenas de destruição e depressão, mas de que há também uma saída. Há espaço para um conjunto apropriado de políticas para reverter a situação. Tentarei também em Davos encontrar as mais variadas pessoas. Penso que na atual economia mundial precisamos de toda a gente. Não temos de ser obstinados. Temos de estar abertos a novas idéias, a novos modelos e Davos ajuda nesse aspeto. Com Euronews

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