Dissidente do regime comunista de Cuba recebeu
visto para entrar no Brasil
A blogueira cubana Yoani Sanchez trabalha em sua casa, em Havana
(Desmond Boylan/Reuters
Apesar de o governo brasileiro ter concedido visto para a blogueira cubana Yoani Sánchez, uma das principais vozes críticas ao governo de Cuba, a presidente Dilma Rousseff não pretende incluir em sua agenda o pedido de audiência feito por oposicionistas daquele país. A concessão do visto e a nota publicada pelo Itamaraty anunciando a decisão foram consideradas um gesto público forte do governo. Auxiliares da presidente asseguram que recebê-la seria um ataque direto ao regime cubano e atrapalharia o rendimento da visita de três dias de Dilma a Havana, a partir de segunda-feira.
Nos discursos que fará em Cuba, a presidente Dilma aproveitará para elogiar a abertura comercial cubana, dizendo que vê com bons olhos a iniciativa e que o Brasil fica feliz em contribuir para melhorias na ilha cubana. Na avaliação de auxiliares de Dilma, esta é uma maneira mais eficiente de sugerir mais mudanças e a modernização no país.
A presidente Dilma ressaltará ainda a cooperação que Cuba vem promovendo com o Brasil e outros países. A exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma pedirá o fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba. A presidente levará no bolso a aprovação das duas últimas parcelas de 380 milhões de dólares de financiamento para a conclusão da reforma do porto de Mariel, a cinquenta quilômetros de Havana, que está sendo realizada pela construtora brasileira Odebrecht. Levará também linha de crédito para que o país importe equipamentos brasileiros para ajudar a desenvolver a sua agricultura.
Visto - O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que o governo orientou a Embaixada brasileira em Havana a conceder o visto de turista à blogueira cubana Yoani Sanchez. "O visto foi concedido. Agora, obter a autorização para sair de Cuba é problema dela", afirmou.
Segundo Marco Aurélio, o governo tinha consciência de que Yoani aproveitaria para pedir o visto na véspera da viagem da presidente a Cuba, para criar um fato político internacional. "Eu, se estivesse na situação dela, faria a mesma coisa", disse o assessor internacional da presidente Dilma Rousseff. Para ele, no entanto, o fato de o Brasil conceder o visto de turista para a blogueira dissidente agora não configura uma mudança na política em relação a Cuba. "Não foi concedido antes porque ela não pediu".
Apesar de Yoani ter 202 mil seguidores no microblog twitter, de ter publicado um livro em português especialmente para o Brasil - De Cuba, com carinho -, e de ser reconhecida pela qualidade de seus textos, Marco Aurélio disse que não gosta do que ela escreve: "Tem gosto pra tudo."
(Com Agência Estado)
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