Quem teve a
oportunidade de assistir ao item seis do julgamento dos rés do Mensalão, foi
brindado por uma verdadeira aula magna
proferida pelo decano dos ministros do STF, Celso de Mello que usou 90% do
tempo dedicado à leitura do seu voto, para fazer exortações e propor reflexões à
nação brasileira, que vive um momento particularmente difícil, ao levar ao
banco dos réus homens e mulheres, que deveriam dar exemplo de comportamento moral
e ético, mas não, preferiram enveredar pelo mundo tortuoso da corrupção e da
roubalheira desenfreada.
Aproveito a
oportunidade para mostrar a quem não teve o privilégio de ouvir ontem o ministro
Celso de Mello, na sessão que selou a sorte dos mensaleiros, algumas citações da
sua própria lavra, onde esse ministro demonstrou toda a sua insatisfação para com
a tolerância das nossas autoridades para com a corrupção e os corruptos, ei-las:
“A motivação
ética é de natureza republicana”.
“O primeiro
dever do governante é o dever de buscar o bem comum, não de grupos”.
“O conceito
de República aponta para o consenso do governo das leis, não dos homens”.
“A ausência
de bons costumes leva à corrupção que compromete a vida da nação”.
“É preciso
dizer, é preciso afirmar que o ato da corrupção é um gesto de perversão da
ética do poder”.
“O estado
não deve tolerar o poder que corrompe ou que se deixa corromper”.
“Nem o cinismo
pode justificar práticas criminosas”.
“Os atos de
corrupção são profundamente ofensivos a decoro parlamentar, além de criminosos”.
“Esses
vergonhosos atos de corrupção foram alimentados nas altas esferas do poder”.
“A paz pública
é o sentimento de tranqüilidade, que só se consegue com as instituições
funcionando em plena harmonia”.
Ao encerrar
essa sessão, o presidente da Suprema Corte o ministro Carlos Ayres Britto também
enveredou pelo mesmo caminho aberto por Celso de Mello ao dedicar parte substancial
do seu voto para chamar a atenção da nação para a importância de nós termos no
Brasil instituições confiáveis, formadas por homens e mulheres que são movidos
por princípios morais e éticos sólidos.
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