quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A poesia segundo Luís Augusto Cassas

CRÔNICA DE NOMEAÇÃO DA DEFENSORIA LÍRICA DA CIDADE


por graça e gosto de el-rei
e espada de bom capitão
por instrução do prior-frei
segredos do coração
e por tudo que oro e sei
moinhos de ventos e brasão
consagro em pública praça
do herói a rebelião
e nomeio fiel protetor
das pedras do nosso chão
a luís Augusto cassas
defensor perpétuo e lírico
de São luís do Maranhão
em nome do sol e mar
dou a ele força e poder
de lapidar e guardar
a vida que há de florescer
expeça-se alvará
salvas de mudo canhão
província de muito amar
firmo: “cais da sagração”

MAR DEPRIMIDO

mar de São Luis, constrangido,
que banhas as costas do Atlântico
e as costas e seios das pacíficas,
quem te roubou o azul do paraíso:
os vendedores de cloro das piscinas
ou o céu desbotado do olhar das meninas?

mar de São Luis, humilhado,
saqueado por metralhas e conquistadores
em navios que vazam óleo desde o início,
quem roubou o azul do teu sorriso:
os poetas que te deixaram abandonado
ou os petroleiros que te sujaram o vestido?

mar de São Luís, sucateado,
sobra de outros mares, poluído.
o cinzento de tuas águas
é tua bandeira de mágoas?
é o teu vestido e anágua?

choras por Antonio: o de Cleópatra?
choras por outro: o de Ana Amélia.
mar de São Luís, enrubescido,
derramas lágrimas de crocodilo,
deságuas sujas águas em praias e portos.
enches os tonéis, os lenços, os esgotos.

mar de São Luis, emaranhado
em maranhas de mar amargurados,
quem seqüestrou o teu azul-coral
deixou-te em troca o excesso de sal.
entanto, o verde que antevejo nessa manhã,
só o vislumbro detrás de óculos rayban.

a não ser que eu ponha cloro,
nas lágrimas que, em ti, choro.

Luís Augusto Cassas - é um poeta maranhense 

Nenhum comentário: