Fortalecer
a Estratégia Nacional em Gestão Integrada de Riscos em Desastres Naturais. Esse
é o objetivo do projeto que vem sendo alinhavado pelo Brasil e pela Agência de
Cooperação Internacional do Japão (Jica) para melhorar a capacidade brasileira
de avaliar e reduzir riscos, aperfeiçoar o monitoramento e conduzir pesquisa e
desenvolvimento (P&D) sobre desastres naturais. As possíveis cooperações na
área foram discutidas nesta segunda-feira (7) pelo ministro da Ciência,
Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e pelo presidente da Jica, Akihiko
Tanaka.
Questões
como a possibilidade de criação de um sistema de observação da terra voltado
para os desastres naturais, além do intercâmbio entre estudantes e
pesquisadores pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF), do governo federal, e
de oportunidade de estágio em empresas para bolsistas fizeram parte das
discussões. “Esse programa vai até 2015 e é um instrumento que podemos utilizar
na nossa cooperação tanto para enviar esses estudantes como para realizar
intercâmbio entre especialistas de alto nível”, frisou o ministro Raupp.
Em seu
pronunciamento, Akihiko informou que a área de desastres naturais e a
cooperação com o Brasil são consideradas prioridades para o governo japonês e
reforçou a intenção em ampliar a relação com o Brasil nesse campo. “Já temos
cooperação com o país e queremos ampliar e estreitar ainda mais”, disse.
Participaram
do encontro o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento
do ministério, Carlos Nobre, a chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais
da pasta, embaixadora Carmem Moura, o presidente da Agência Espacial Brasileira
(AEB/MCTI), José Raimundo Coelho, o diretor do Centro Nacional de Monitoramento
e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), Agostinho Ogura, o chefe do
Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério de Relações Exteriores,
Ademar Seabra, e o embaixador do Japão no Brasil, Akira Miwa, entre outros.
Modelo
O
secretário Carlos Nobre ressaltou a histórica relação com a Jica na área de
mudanças do clima, estudos em florestas tropicais e, recentemente, em desastres
naturais. A própria criação do Cemaden
comentou ele, segue modelo implantado pelo Japão ao adotar uma estrutura
técnico-científica à parte e de suporte ao sistema de defesa civil.
“Hoje o
Cemaden conta com 100 funcionários e 30 doutores e cientistas”, informou Nobre
aos japoneses ao destacar o esforço do governo brasileiro, que desenvolveu
programas e ações específicas para a área, e a nova percepção da sociedade
sobre a vulnerabilidade do país, diante da seca e das chuvas –especialmente,
após a maior tragédia natural, ocorrida há dois anos, na região serrana do Rio
de Janeiro, que resultou na morte de mais de 900 pessoas.
Agostinho
Ogura falou da trajetória do Cemaden, que foi criado por decreto presidencial
em julho de 2011 e passou a operar 24 horas por dia, monitorando 56 municípios
em áreas de risco, em dezembro. “Foi um recorde técnico-científico”, avaliou.
Ogura também ressaltou o interesse em firmar parcerias com instituições de
outros países.
Para o
diretor do centro, o Japão é um país de referência na gestão de risco de
desastres naturais, onde se montou uma estrutura de obras de proteção,
prevenção, redução de riscos, monitoramento e alertas em função da ocorrência
em seu território dos principais desastres naturais – tanto de natureza
geológica (como terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas) quanto de natureza
meteorológica (chuvas torrenciais, deslizamentos e enxurradas).
“Então
essa cultura japonesa é milenar. É um país consolidado sob o ponto de vista de
como lhe dar com os desastres, tanto na área técnico-científica e no
entendimento dos cenários de risco, quanto na possibilidade de uso de
tecnologias e de organização do sistema público para atuar na questão do desastre”,
frisou. “Eles têm muito a contribuir com o Brasil.”
Cooperação Brasil-Japão
Em 2008,
o governo japonês instituiu o programa Parceria em Pesquisa Científica e
Tecnológica para o Desenvolvimento Sustentável, iniciativa de apoio a pesquisas
conjuntas de ponta com instituições congêneres de países em desenvolvimento. O
Programa de Cooperação Técnica do Japão no Brasil é conduzido pela Jica e tem
como objetivo contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país, por
meio da transferência de conhecimento e tecnologia japoneses a instituições
brasileiras.
Entre as
parcerias estão atividades nas áreas de biocombustíveis, produção de soja,
estudo sobre a dinâmica do carbono na região amazônica, para o desenvolvimento
de tecnologia na área agrícola e para diagnóstico de infecções por fungos em
pacientes com Aids e para o estudo de cenários futuros de mudança do clima. O
projeto para Fortalecimento da Estratégica Nacional em Gestão Integrada de
Riscos em Desastres Naturais prevê a parceria, além do MCTI, com o Ministério
das Cidades e com o Ministério da Interação Nacional.
por Denise Coelho – Ascom do MCTI
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