por Maurício
Costa Romão*
Os partidos políticos são pragmáticos nos pleitos proporcionais:
disputam isoladamente ou celebram alianças em função dos resultados eleitorais
que esperam obter em cada caso. Para o partido tomar sua decisão estratégica,
vários fatores são levados em consideração, mas a variável determinante acaba
sendo o quociente eleitoral (QE)*.
O QE é uma variável-chave das eleições
proporcionais, pois somente os partidos ou coligações que lograrem votação
suficiente para ultrapassá-lo é que podem ascender ao Parlamento. Daí por que é
às vezes chamado de cláusula de barreira.
Uma característica que torna o QE um misto de
enigmático e imprevisível é o fato de que sua determinação só pode ser feita
depois de computados todos os votos da eleição, quer dizer, quando totalizados
o eleitorado, a abstenção ou os votos apurados, os votos brancos, os votos
nulos e, conseqüentemente, os votos válidos (VV). Dessas variáveis, a única que
se conhece de antemão é o eleitorado. As outras, só depois do pleito.
A solução quantitativa do QE depende ainda do
número de cadeiras (C) disponíveis no Legislativo. Quanto maior for o total de
votos válidos de uma eleição, dado o número de cadeiras, maior é o quociente
eleitoral e vice-versa. Na prática o QE é simplesmente calculado dividindo-se os
votos válidos totais do pleito pelo número de cadeiras do Parlamento: QE = VV /
C.
Como as variáveis que definem o QE
são, como dito, todas conhecidas post factum, depois da eleição, à
exceção do eleitorado e do número de cadeiras parlamentares, fazer estimativas
desse quociente é sempre um exercício que requer formulação de muitas
hipóteses.
Entretanto, com base no comportamento
pregresso dessas variáveis (eleitorado, abstenção ou votos apurados, votos
brancos, votos nulos e votos válidos) é possível, a partir de suposições
fundamentadas sobre suas trajetórias futuras, fazer prospecções bastante
razoáveis do valor aproximado do QE para a eleição do ano de 2014, nos estados
brasileiros (vide metodologia detalhada no texto “Metodologia de
estimativas de quocientes eleitorais para a eleição de 2014 nos estados
brasileiros”, disponível no blog do autor).
Assim, utilizando a mencionada metodologia
(já aplicada com êxito nas eleições municipais de 2012), foram
projetados para 2014 os quocientes eleitorais expostos na Tabela que
acompanha o texto.
Maurício Costa Romão - é Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br,http://mauricioromao.blog.br.
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