A guerra civil que toma conta do nosso país é um reflexo
da reprodução de desigualdades. Uma especialidade em que o Brasil acabou se
tornando uma referência mundial. Seguido de perto pelo México, que disputa com este
país o primeiro lugar no ranking
mundial da violência urbana. No quesito violência rural, o México ganha do
nosso país disparado.
No estado Rio de Janeiro, a guerra civil começou na
década de 70, após a conclusão da Ponte Rio-Niterói. Uma obra que mobilizou
mais de cinco mil operários, na sua expressiva maioria formada por nordestinos
e pessoas procedentes do interior de Minas Gerais que desempregados e sem
moradia subiram o morro para continuarem na cidade maravilhosa, muitos deles
ingressaram no exército da contravenção que naquele tempo estava sendo formado
por criminosos egressos do presidio de Ilha Grande, juntamente com presos
políticos e que adquiriram adestramento em guerrilha urbana e a lidar com armas
de última geração e um pouco de formação política.
Quem conhece os morros e favelas cariocas percebe
facilmente a desigualdade que existe entre quem mora nesses depósitos de gente
localizado na cidade alta e quem mora no asfalto. Isso explica um pouco o
comportamento de alguém que assalta e mata um ciclista que pratica esporte
pedalando uma bicicleta que custa o valor de um carro popular e sai para
trabalhar e passear num carrão importado. O assaltante carrega consigo ódio e desprezo
por aqueles que o ignora como pessoa e o trata como lixo. Quem vive na zona Sul
do Rio se considera superior a quem mora nos morros e favelas da mesma zona sul
e dos residentes na zona Norte.
O estado brasileiro ao priorizar as elites e ignorar a
plebe ignara, está contribuindo de maneira definitiva para que continue
aumentando o fosso social que coloca os pobres contra os ricos ou vice-versa.
Cito o estudo ministrado aos pobres, como o maior fator
de desigualdade social neste país, porque quem estuda em escola pública não
chega a lugar nenhum. A maioria expressiva de quem ingressa nesse tipo de
escola a abandona no fim do ensino fundamental.
As grandes obras que o estado do Rio de Janeiro ganha ao
sediar eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o encontro mundial da
juventude é um verdadeiro presente de grego, porque a construção dessas grandes
obras repete o efeito da construção da Ponte Rio-Niterói. Isso ai já é assunto
para ser tratado como desigualdade regional.
por Joachim Arouche
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