Os jornais Financial
Times, El País e The New York Times (NYT), em que pese reconhecerem as graves
crises econômica e política que o Brasil atravessa, reconhecem que este país vive
um grande momento: a força das instituições democráticas. É que no Brasil, o
que ora acontece está sendo feito em estrita observância aos preceitos democráticos.
O que a imprensa internacional teme é uma ruptura com os valores democráticos e
este país cair nas mãos de aventureiros.
Leia a seguir o editorial do jornal The New York Times:
NYT:
Forçar Rousseff a deixar o cargo causaria grave dano à democracia
O Brasil está em frangalhos. A economia enfrenta
uma recessão que se aprofunda: na última terça-feira (11), a agência Moody's rebaixou a nota de
crédito do país para praticamente lixo. Um enorme escândalo
de corrupção ligado à companhia nacional de petróleo, Petrobras, envolveu
dezenas de políticos e empresários.O legislativo está em revolta. O índice de popularidade da presidente
Dilma Rousseff, menos de um ano após sua reeleição, caiu para apenas um dígito,
e protestos em todo o país no domingo
(16) reverberaram com pedidos de impeachment.
Em toda essa turbulência, é fácil não ver a boa
notícia: a força das instituições democráticas brasileiras. Ao processar
a corrupção na Petrobras, os promotores federais de uma unidade especial
anticorrupção do Ministério Público não foram dissuadidos por posições
hierárquicas, aplicando um golpe na forte cultura da impunidade entre as elites
do governo e empresariais.
Antigos executivos da Petrobras foram presos, assim
como o rico executivo-chefe da gigante da construção Odebrecht, Marcelo
Odebrecht, e o almirante que supervisionava o programa nuclear secreto do
Brasil. Muitos outros enfrentam escrutínio, incluindo o antecessor e mentor de
Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora as investigações tenham criado enormes
problemas políticos para Rousseff e levantado questões sobre seu período de
sete anos na presidência [do Conselho de Administração] da Petrobras,
antes de se tornar chefe de governo, ela, admiravelmente, não se esforçou para
constranger ou influenciar as investigações.
Pelo contrário, constantemente enfatizou que ninguém
está acima da lei e apoiou um novo mandato para o
promotor-geral encarregado do processo da Petrobras, Rodrigo Janot.
Até agora, as investigações não encontraram provas
de atos ilegais de sua parte. E embora Rousseff seja sem dúvida responsável
pelas políticas e grande parte da má administração que derrubaram a economia
brasileira, estas não são ofensas que levem a um impeachment.
Forçar Rousseff a deixar o cargo sem evidências
concretas de erros causaria grave dano à democracia que vem se reforçando há 30
anos, sem qualquer benefício compensatório. E nada sugere que os líderes à
espreita fariam um melhor trabalho na economia.
Não há dúvida de que os brasileiros enfrentam
tempos difíceis e frustrantes, e as coisas provavelmente vão piorar antes de
melhorar. Rousseff também deverá sofrer muito mais críticas e problemas. Mas a
solução não deve ser minar as instituições democráticas, que, afinal, são as
garantias de estabilidade, credibilidade e governo honesto.
Em Tempo:
A democracia que o Brasil atualmente vive, deve-se ao grande timoneiro da transição de um regime de exceção para um regime democrático que foi o ex-presidente José Sarney.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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