A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que o
país passa atualmente por uma crise “ética e moral” na política, mas que não há
indícios que justifiquem um pedido de impeachment
da presidente Dilma Rousseff, que poderia “enfraquecer” as instituições do
governo.
“Existem regras para se entrar com um pedido inicial de
impeachment. Creio que não chegamos a esse nível”, disse o secretário-geral da
CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner. “A reação que nós sentimos também é que as
manifestações de rua são de discordância, muitas vezes ideológicas, o que é
normal e necessária e democrática, mas propor um impeachment seria enfraquecer
um pouco as instituições.”
“Pelo que a gente tem como informação do Supremo Tribunal Federal,
não há nenhum indício de algum ato que possa justificar qualquer denúncia
quanto à presidente da República”, disse o presidente da CNBB, cardeal Raymundo
Damasceno Assis.
Para a entidade, a organização de manifestações públicas, como as
marcadas para este fim de semana em várias cidades do país, são resultado do
escândalo de corrupção na Petrobras somado às medidas de ajuste fiscal adotadas
pelo governo, inflação alta e a crise entre o Executivo e o Legislativo, que
causaram um “mal-estar” na sociedade.
“Vemos denúncias novas a cada dia e vamos ficando, de certo modo,
assustados. Isso vai gerando um mal-estar em toda a população, diante da crise
ética e da moral do nosso país”, disse o presidente da CNBB. “Sabemos que a
corrupção sempre existiu, continua existindo, e não só no Brasil, mas em toda
parte, mas é fundamental que a Justiça realmente puna os condenados e os
corruptores.”
Em nota, a CNBB disse que as denúncias de corrupção devem ser
“rigorosamente apuradas” e os corruptos e corruptores, punidos. “Enquanto a
moralidade pública for olhada com desprezo ou considerada empecilho à busca do
poder e do dinheiro, estaremos longe de uma solução para a crise vivida no
Brasil”, diz a nota. No texto, a entidade também pede o fim do fisiologismo
político e uma reforma política.
O secretário-geral Dom Leonardo afirmou ainda ser importante o
diálogo entre o Congresso Nacional e a presidente para tentar superar o momento
de crise. “Há um mal-estar da sociedade de um modo geral, ainda mais nessa
crise ética e moral a qual estamos passando, em relação à [operação] Lava Jato
e outros setores também”, disse.
“Por isso, insistimos na importância do diálogo da presidente do
Executivo com o Congresso Nacional e com as organizações da sociedade civil e
da igreja, que não se furta a participar desse diálogo quando necessário e
oportuno.”
O presidente da CNBB disse ainda não acreditar que a crise atual
leve a um novo golpe militar ou a um conflito civil. “Ninguém quer passar por
essa experiência novamente.
com MPortal
Nenhum comentário:
Postar um comentário