sábado, 7 de maio de 2016

No Brasil é muito difícil não ser canalha



“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos…”. (Frase de Nelson Rodrigues)

“O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. (idem)

Confesso que sou fã de carteirinha do jornalista, dramaturgo e escritor, Nelson Rodrigues, um pernambucano que com a sua enorme criatividade, inventividade e sensibilidade que revela nas suas peças, frases e textos jornalísticos; disseca a alma e o caráter; a verdadeira natureza do povo brasileiro.  

Quando ele diz que hoje é muito difícil não ser canalha, ele trabalha com a nossa pusilanimidade, fraqueza de caráter e a natureza de um povo, que devido a sua miscigenação (mistura de raças), está sujeito a todo tipo de tentação, sobretudo, a de ser corrompido. O que mais me fascina em Nelson Rodrigues é a atualidade das suas frases e as verdades nelas contidas. A frase que é uma síntese do seu pensamento.

Nelson Rodrigues diz numa de suas frases, que é a nossa falta de caráter que decide uma partida, um jogo e que não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos. E esse genial pensador pernambucano, toca no verdadeiro “eu” do brasileiro, que como determina a Lei do Gerson, a pessoa deve obter vantagens de forma indiscriminada, sem levar em consideração princípios morais e éticos. A Lei do Gerson é em suma, usada para exprimir traços bastante característicos e pouco lisonjeiros do caráter nacional, que passa a ser interpretado como caráter da população, associados à disseminação da corrupção e ao desrespeito às regras de convívio para a obtenção de vantagens, sempre.

Nessas minhas quase sete décadas de existência, eu só tive o privilégio de conhecer um homem bom e integro: o engenheiro agrônomo e ex-funcionário do Banco do Brasil, José Barreto de Negreiros, um homem na verdadeira acepção da palavra.

Eu ainda não fui testado, mas desconfio que eu seja um canalha que ainda não foi submetido à prova. No Brasil, tudo conspira para que sejamos canalhas de manhã, de tarde e de noite.

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