A nossa entrevistada é a professora, ativista social e
radialista Lucília de Sousa Costa, nascida no município de Remanso e residente
em São Raimundo Nonato há alguns anos.
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Dom Severino - professora
Lucília de Sousa Costa, como você avalia este momento da vida nacional?
Lucília
de Sousa Costa – Eu vejo como um grande retrocesso da nossa
caminhada democrática. É como se nós estivéssemos caminhando em busca de um
tesouro e quase conquistando, sofrêssemos um acidente e tivéssemos que voltar.
Temos que começar tudo de novo.
BDS – Você quer dizer que esse impeachment que está se consumando representa um duro golpe na
nossa jovem democracia e no avanço social?
Lucília – Eu considero um atentado e uma violação à
democracia e à soberania popular. Considero sim, um retrocesso nos avanços
sociais, porque são conquistas que estão se perdendo. Todos que tem lutado ao
longo dos anos pelas conquistas sociais vê-se ameaçadas.
BDS – Em que momento o PT, o responsável por muitas das
conquistas que mudaram o perfil sócio econômico de uma parcela significativa da
sociedade brasileira se rendeu à força do mercado e do capital nacional e estrangeiro.
Lucília – Na minha opinião o Partido dos Trabalhadores
(PT) sempre procurou acertar, porem cometeu erros, como por exemplo, unir-se ou
aliar-se às forças tradicionais (de direita) da política tradicional e
tornando-se uma vítima desses aliados.
BDS – Professora Lucília, você acha que os erros cometidos
pelo PT no plano nacional se repete no plano municipal, com o PT participando
de uma coligação com o Partido Progressista (PP), um partido que é considerado
um algoz da presidenta Dilma Rousseff no processo do impeachment?
Lucília – Pode até não ser um erro se visto pela ótica da
política de resultado, mas não acho um momento conveniente para repetir a mesma
estratégia do plano nacional que resultou no que o povo brasileiro está
presenciando.
BDS – Como você percebe a reação do povo nas ruas, diante
da possibilidade iminente da presidenta Dilma Rousseff vir a sofrer um impeachment?
Lucília – Eu percebo que o povo vê com muita tristeza e
preocupação sobre o que virá depois do governo Dilma e ao mesmo tempo eu vejo o
povo reagir com indignação diante da cassação de um mandato popular, pelas mãos
daqueles que até pouco tempo participaram do seu governo.
BDS – Quem são os verdadeiros culpados e responsáveis pela
provável cassação da presidenta Dilma?
Lucília – Se levarmos em conta culpados e responsáveis,
Dilma e o PT também tem suas parcelas de culpa. Não sei se por ingenuidade ou
confiabilidade demais.
BDS – Como você vê a disputa pela sucessão municipal no
município de São Raimundo Nonato?
Lucília – Para ser absolutamente sincera eu não vejo
nenhuma novidade. Se eu não vejo nenhuma novidade, também não percebo uma opção
de escolha.
BDS – E quanto ao fato de uma das candidatas ser
considerada ilegítima por não ter residência fixa em São Raimundo Nonato, o que
você tem a dizer?
Lucília – Eu não vejo como preocupação o fato dela morar
em Teresina, o que eu levo em conta é a motivação de ela encarar um pleito
eleitoral com o intuito de se eleger prefeita de um município que ela não tem
uma certa vivência e convivência com a região.
BDS – Lucília você se sente razoavelmente uma militante de
esquerda?
Lucília – Sim! Dentro da minha visão de esquerda
socialista que defende uma sociedade inclusiva, livre, democrática e um país
que crie oportunidade para todos.
BDS – Você teria a ousadia de votar numa chapa formada
pelo partido de Ciro Nogueira e Paulo Maluf e o PT de Dilma e Lula?
Lucília – Depende das circunstâncias.
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