No Brasil as pessoas envolvidas com malfeitos não se
sentem constrangidas ao serem confrontadas e acusadas, porque sabem que a
impunidade sempre irá reinar neste país.
O Brasil nas últimas três décadas, já passou por uma série
de escândalos memoráveis, patrocinados pelas nossas classes política e
dirigente, e os principais envolvidos continuam participando da cena política
brasileira. Os que deixaram de influir, o fizeram pela idade ou desilusão com as
suas carreiras, nunca por condenação pela justiça.
O mais antigo entre os citados aqui, o caso
dos “Anões do Orçamento” ocorreu entre o final dos anos 80 e o início dos anos
90. Para investigar o caso, foi aberta uma CPI em 1993, que acabou
investigando 37 deputados. Destes, seis foram cassados e quatro renunciaram.
Descoberto em 2007, o esquema da Operação
Navalha envolvia, a exemplo do caso dos Anões do Orçamento, o uso de emendas
parlamentares para a realização de obras públicas. No centro do esquema, a
empreiteira Gautama.
Liderado pelo juiz Nicolau dos Santos Neto e
pelo ex-senador Luís Estevão, do Distrito Federal, este foi o oitavo maior
esquema de corrupção da nossa história, e desviava verbas na construção do
fórum do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.
Jorgina de Freitas atuou durante muito tempo como advogada e
procuradora previdenciária. Durante dois anos, ela liderou uma rede
responsável por
fraudes milionárias no INSS, incluindo supostas
indenizações concedidas a supostos beneficiários da previdência.
Criados para garantir aposentadorias e pensões
de funcionários de empresas estatais, os fundos de pensão são hoje gigantes que
englobam 2 milhões de beneficiários e detém cerca de 15% da dívida pública. Boa
parte deles, como a PREVI, dos funcionários do Banco do Brasil, detém
participações significativas em grandes empresas, como a Vale do Rio Doce, a
Embraer e outras tantas.
Em janeiro de 1999, quando o BC decidiu elevar de R$ 1,22 para R$
1,32 o teto do dólar, o banco Marka, do banqueiro Salvatore Cacciola, foi pego
de surpresa. O banco possuía 20 vezes o seu patrimônio líquido em contratos de
venda de dólar futuro. Com o aumento do preço da moeda americana, Cacciola
sofreu um revés bilionário, e correu para o BC para pedir ajuda. O que
aconteceu em seguida? Como você deve imaginar, o banqueiro foi prontamente
atendido, em uma ação que teria causado prejuízo de R$ 1,5 milhão na época, ou R$3,7 bilhões em valores atuais.
Descoberto pela Polícia Federal em 2004, o
esquema dos vampiros da saúde operava envolvendo empresas, funcionários do
Ministério da Saúde e deputados federais ao menos desde 1990. O esquema
principal do grupo consistia em fraudes de licitações, gerando sobre preços na
compra de remédios e hemoderivados – daí o nome da operação.
Iniciada em março de 2015, a operação Zelotes
ainda está em andamento. Pelo que se sabe até agora, porém, a operação, que
apura corrupção no CARF, o Colegiado de Administração de Recursos Fiscais,
envolve dezenas de grandes empresas nacionalmente conhecidas.
Enviar recursos ilegalmente para o exterior
tornou-se durante muito tempo o principal serviço ofertado pelo Banestado,
o Banco do Estado do Paraná. Durante anos, centenas de empresas, de muita gente
rica e famosa no país, enviaram para a agência do banco em Nova York, recursos
por meio de contas CC5, uma espécie de conta criada pelo Banco Central para
permitir que brasileiros residentes no exterior pudessem trocar a moeda
nacional por moeda estrangeira de forma simplificada.
Com três em andamento, a Operação Lava Jato apresenta números
superlativos.
Foram mais de 1.200 processos instaurados, 160
prisões (incluindo prisões temporárias), 52 acordos de delação premiada, 209
acusados, 105 condenados, 5 acordos de leniência, 16 empresas envolvidas e mais
de R$ 42,8 bilhões desviados.
Esses 10 maiores escândalos são emblemáticos dos casos de
impunidade reinante neste país. Que eu saiba, dos envolvidos nesses rumorosos escândalos,
só Jorgina de Freitas, o ex-juiz Nicolau e Luís Estevão foram presos.
Diante desses fatos é fácil concluir que no Brasil vale a pena transgredir
as leis e a ordem.
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