segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A poesia segundo Tobias Pinheiro

 

A consciência

 

BASTA! A dor já se impõe no mundo inteiro,

plantou nos corações o desencanto,

profanou e maldisse o que era santo

na imolação do último Cordeiro.

Se buscam a consciência com alarde,

se choram a bondade já perdida,

se aspiram a virtude para a vida,

querem paz, querem DEUS e, agora, é tarde.

 

o mundo inteiro vai rolar vencido,

sem crença, sem amor, sem luz, sem calma,

enquanto grita a voz lá dentro da alma:

Quem perdeu a consciência está perdido.

 

O rio

 

Ele parece mais um boi cansado,

desses que - ó vida - encantas e abençoas;

tornou-se grande para as coisas boas,

é o rio concebido sem pecado.

 

Em suas margens, de um e de outro lado,

poetas se irmanam lhe tecendo loas...

E ele passa com balsas e canoas,

dando mais vida à vida consagrado.

 

A matar fome e sede, aqui e ali,

lá se vai ele como um pioneiro,

unindo o Maranhão ao Piauí.

 

É o Parnaíba - o Rio da Saudade,

doce consolação no desespero,

Boa-Esperança da posteridade.

 

Tobias de Sousa Pinheiro nasceu em Brejo, Maranhão, em 4 de julho de 1926. Poeta, trovador, professor e jornalista. Foi diretor de redação por duas vezes do Jornal do Brasil (JB).

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