Raimundo Honório Botelho
Em 20 de novembro de 2010, o artista plástico Botêlho foi a personalidade escolhida para receber a placa de “Honra ao Mérito Vianense”. A acadêmica Maria da Graça Mendonça Cutrim fez o discurso de saudação ao homenagedo do ano.
Raimundo Honório Botêlho Neto é, sem dúvida, o nome que melhor representa o talento vianense no cenário nacional das artes plásticas. Conceituado nas principais galerias do eixo Rio-São Paulo, o pintor já expôs também em Brasília, Curitiba, Vitória e Fortaleza, além de algumas outras cidades menores como Juiz de fora (MG), Londrina (PR) e Joinvillle (SC). Alguns de seus quadros, inclusive, foram comercializados por galerias das cidades americanas de Boston e Nova York.
Nascido em 9 de fevereiro de 1946, na Estrada de Rafael, povoado pertencente ao município de Viana, Raimundo Honório Botêlho Neto é o segundo de uma prole de sete irmãos, gerados pelo casal Plácido Constâncio Botêlho e Cloris Sousa Botêlho.
Seu pai, Plácido Botelho, exercia as profissões de sapateiro, padeiro e agricultor, enquanto sua mãe, Cloris Botêlho, era professora leiga e costureira. Raimundo Botêlho, assim como seus irmãos, foi alfabetizado pela própria mãe e cresceu ajudando a família no ganho do sustento diário.
Garoto ainda, Botêlho partiu de Viana em 1959, aos 13 anos de idade, para residir com uma tia em São Luís e poder assim continuar os estudos. Depois de trabalhar em diversas atividades, o jovem alistou-se no Exército, quando foi transferido para a capital cearense. Em Fortaleza, após dar baixa no serviço militar, casou-se com Sueli Maciel, partindo dali com a esposa para residir no Rio de Janeiro, cidade onde teria oportunidade de familiarizar-se melhor com o universo das artes plásticas e onde também poderia aprimorar o talento nato na Sociedade Brasileira de Belas Artes, impulsionado pelo mestre Antenor Finatti.
Definindo-se como um pintor impressionista, Raimundo Botêlho gosta de exercitar o domínio da luz em suas telas, através do contraste dos claros-escuros. Seu tema preferido são os barcos, os ancoradouros, as praias desertas e as embarcações solitárias, enfim tudo que direcione o sentimento do espectador para o mar e seus mistérios insondáveis.
O renomado escritor maranhense, Josué Montello, certa vez escreveu a seu respeito: Nasceu para pintar como outros nascem para cantar ou para escrever. Se não pintasse, seria um homem irrealizado. Diante da tela, com sua caixa de tintas e os seus pincéis, é que Botêlho encontra sentido para a vida que Deus lhe deu.
Também como reconhecimento público, o pintor vianense teve seu nome incluído entre os artistas plásticos reverenciados na enciclopédia “Os Vários Perfis da Arte Brasileira”, patrocinada pela Petrobrás; e no volume 3 do dicionário “Artes Plásticas Brasil 89 – seu mercado – seus leilões”, publicado pela Editora Inter/Arte/Brasil.
Residindo até hoje no Rio de Janeiro, mas com planos de fixar residência em breve em São Luís, Botêlho vive em constante busca pelo aperfeiçoamento da técnica de representação visual através das cores. Aos 64 anos de idade, pai de três filhos, o pintor já produziu milhares de obras, atualmente espalhadas pelos quatro cantos do mundo.
Entre as inúmeras premiações e medalhas recebidas por este artista plástico, destacam-se: Medalha de Bronze do 1º Salão de Ipanema; Prêmio “Administração Parque do Flamengo” – 1º Salão de Marinhas; Menção Honrosa – 11º Salão de Artes Plásticas São Lourenço; Menção Honrosa 1º Salão de Arte da Associação Brasileira de Desenho; Medalha de Bronze da Mostra de Arte da Associação Brasileira de Desenho; Medalha de Ouro da 1ª Gincana Nacional de Pintura de Maricá (RJ); Menção Honrosa do 1º Salão de Natureza Morta; 1° lugar da 7ª Gincana de Pintura de Valença (RJ); e Menção Honrosa do Salão Oficial Municipal de Belas Artes de Juiz de Fora (MG).
// DEPOIMENTOS
A PINTURA DO MARANHENSE BOTÊLHO
Josué
Motello*
(Rio
de Janeiro / Junho de 1983)
Raimundo Botêlho nasceu no Maranhão e trouxe de lá, além da certidão de
nascimento, o gosto da luz e das cores que poria nos seus quadros. Nasceu para
pintar como outros nascem para cantar ou escrever. Se não pintasse seria um
homem irrealizado. Diante da tela, com sua caixa de tintas e os seus pincéis, é
que Botêlho encontra sentido para a vida que Deus lhe deu. Há qualquer coisa de
matinal na sua pintura que advém de sua reação diante do mundo e se a pintura
não existisse, como processo de captação da realidade visível, este meu
conterrâneo Botêlho a teria inventado.
(*:
Jornalista, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras)
RAIMUNDO BOTÊLHO, O PINTOR DO MARANHÃO
Mauro
Ferreira*
A arte contemporânea passa hoje por momentos de reflexão e reavaliação de
caminhos. Um hiato inquietante tem emudecido muitos dos teóricos da expressão
artística. Não tem sido muito fácil ser artista sem objeto, pois mesmo este há
de ser desconstruído, sob pena de obstar o conceito, o precioso substrato da
produção artística.
Um mundo sem “aqueles” objetos, anacrônicos e destrutíveis, sem museus, sem as
“repetitivas” e paralisantes regras da academia... O desejo compulsivo de
artistas de fazer sua arte sentida, compartilhada, num afã de se ligar
simbioticamente ao outro, como se possível fazer inúteis os olhos, instrumentos
de ver cores, formas, luzes e, Beleza! É algo como dizer que nossa necessidade
do belo fosse ilegítima.
Os caminhos percorridos pelos artistas não os são por todos, pois, a maioria
precisa de um guia, o objeto artístico. Uma obra que apresente o artista e sua
alma, e não o contrário, um artista apresentando sua obra... Eu aparentemente
estou aqui apresentando um artista, mas sou ciente que o que ora faço há de ser
inútil, pois naturalmente todos serão apresentados ao artista Botêlho por sua
pintura, como eu o fui.
A arte de Raimundo Botêlho nos impressiona pelo colorido limpo fiel ao
cromatismo vibrante dos trópicos, explorando uma temática que valoriza a
brasilidade e suas variadas expressões. O maranhão, sua terra natal é motivo
quase obrigatório, sendo tratado com reverência, mas deixando transparecer as
saudades do filho da terra. O Rio de Janeiro e suas privilegiadas paisagens
recebem um tratamento muito pessoal, distiguindo-o de tantos que pintaram suas
belezas. Não me arrisco dizer que ele é um romântico puro ou naturalista, pois
sua capacidade de compreender a linguagem das cores e o intricado metier
impressionista, com seu colorido virtual fruto de um divisionismo cromático, o
aproxima de uma técnica colorista com largas pinceladas (o que é muito difícil)
tão ao gosto de Joaquin Sorolla, que parece embeber a tela com luz e cor.
Um pintor de paisagem é naturalmente um possuidor do arsenal técnico mais
completo de todos os gêneros, e Botêlho mostra estas armas. Quem gosta da boa
pintura, esteja atento, pois estas pinturas estão apresentando este senhor,
Artista!
(*:
Artista Plástico)
A EMOCIONANTE ARTE DE BOTÊLHO
Odilon
M. Fonseca*
(Rio
de Janeiro / Março de 2011)
Com pincéis, Botêlho amanha flores, constrói vilas, monta vigília aos barcos à
beira-mar, percorre trilhas de terra rasgadas com os tons intensos de sua
sensibilidade. Interpretar a natureza é o seu dom maior. Com esses elementos o
artista aprendeu o singular ofício de encantar os que participam de sua arte
como testemunhas da vida que nela pulsa. Quem aprecia as pinturas do Botêlho
não resiste à tentação: envolve-se, torna-se igualmente artista e coautor das
obras, pois elas transmitem instantes captados e passados às telas com talento
e intensa emoção.
Botêlho trabalha a emoção das formas e das cores!
(*:
Jornalista)
A EXUBERANTE ARTE DE BOTÊLHO
Christian
Devalle*
No início da década de 90 retornei à minha Paris, desta vez a serviço, e ao
visitar meu amigo Jean Claude Deparney, admirador e colecionador de obras de
artistas plásticos latino-americanos, tais como os famosos mexicanos Manuel
Felguérez e José Luis Cuevas, o equatoriano Oswaldo Viteri e o uruguaio Gustavo
Nakle, lá vi um quadro que me chamou muita atenção. Trava-se de uma marina do
pintor brasileiro Botêlho à qual o artista dera o título de “Barcos do Maranhão”.
Os traços firmes, as cores exuberantes, a luminosidade, as sombras flutuando
sobre as águas do atracadouro atingiam tal perfeição que cheguei a pensar que
se tratava de uma fotografia. Perguntei ao Deparney como ele havia adquirido
aquela sublime obra e ele me disse que tinha sido em 1986 na cidade de
Joinville no Paraná, Brasil, numa galeria de artes chamada Lescaux. Passados 10
anos, durante um festivo jantar, conheci, numa agradável surpresa, o Botêlho,
autor da obra que tanta admiração me despertou. Nos tornamos amigos. Agora,
sempre que vou à França levo alguns quadros do Botêlho, que o meu amigo
Deparney, muito conhecido no mundo das artes parisiense se encarrega de
vendê-los a outros colecionadores de obras latino-americanas, com uma grande vantagem:
os compradores não discutem preço porque sabem que estão adquirindo telas que a
curto prazo se valorizarão muito.
(*:
Consultor Organizacional)
A ARTE DE BOTÊLHO, UMA FESTA DE FORMAS E CORES
Nery
Baptista*
(Curitiba
/ Novembro de 1997)
O artista é do Maranhão, mas está radicado no Rio há décadas e traz no sangue o
gosto pelas coisas simples das pequenas cidades de antanho e do mar. Pintor de
marinhas e paisagens sua pintura é uma festa de cores, luzes e formas
exuberantes, expressão de um artista que parece em paz com o mundo e consigo
mesmo. A expressão do mundo para Botêlho é clara, objetiva, simples e direta,
em recursos intermediários, uma linguagem direta para atingir o público à
primeira vista.
(*:
Jornalista, crítico de artes)
O TALENTO E A MAESTRIA NA ARTE DE BOTÊLHO
Preciada
Waismann e Roberto Belluco*
(Rio
de Janeiro / Maio de 1995)
Botêlho é dono de uma característica toda especial. A luminosidade emergente de
sua obra ressalta as formas dando mais vida às cores da natureza dos locais
retratados. Em seus quadros o talento e a maestria nos traz a visão encantada
de praias, casarios, recantos especiais, paisagens típicas brasileiras, todos
entremeados magistralmente em suas telas. A qualidade de sua obra, a beleza, a
luz e todas as particularidades que se descobrem nelas à cada nova observação
valorizam o artista e tornam a mesma cada vez mais cativante.
(*:
Consultores de Artes Plásticas)
TELAS DO BOTÊLHO TÊM LUZ PRÓPRIA
João
Jacques*
(Fortaleza
/ Julho de 1983)
As obras do Botêlho não precisam de luz exterior para aparecer, atrair,
agradar. O clarão vem de dentro para fora. E é sol nas manhãs e luar nas noites.
E as sombras estabelecem aquele contraste responsável pela terceira dimensão,
que, em muitos estilos, é arrancado do plano à custa de alopático emprego de
massa. Suas marinhas não morrem nos abismos do azul oceânico ou celeste.
Mesclam-se de ouro e púrpura, de violáceos e clorofílicos, enriquecidas pelos
toques complementares da finalização talentosa, ousada e versátil.
(*:
Jornalista, escritor, pintor.)
BOTÊLHO, O INTÉRPRETE DA NATUREZA
Carlos
Chenier*
(Vitória
/ Outubro de 1981)
Botêlho aportou no Rio de Janeiro em 1969. Como artista que chega a um centro
imenso de cultura como é a cidade do Rio, Botêlho foi devagar se aproximando
dos movimentos de arte com que se identificava e, conseqüentemente, dos
artistas. Mas sempre se escorava no desenho técnico para sobreviver. Fala de
amigos que nessa época conviveram com ele: Oscar Tecídio, Ney Tecídio, Tonius,
Acélio de Mello, Arlindo Mesquita e outros.
Hoje, já independente das influências recebidas por Finatti, pois em
determinado momento, nos círculos artísticos, era considerado e carinhosamente
chamado de Finatinho, Botêlho agora adquire seu jogo próprio de cores e, dentro
da sua proposta visual de trabalho, procura não captar apenas uma paisagem vista,
mas interpretá-la na composição com seu extraordinário talento.
(*:
Jornalista, escritor e crítico de artes)
O MEU MAIS TALENTOSO ”DISCÍPULO”
Bustamante
Sá*
(Rio
de Janeiro / Setembro de 1977)
Raimundo Honório Botêlho Neto, o “Finatinho”, como é carinhosamente tratado
pelos amigos mais próximos, nunca freqüentou minhas salas de aula, mas sempre
me chama de “Meu mestre!”. Seu mestre mesmo, na Sociedade Brasileira de Belas
Artes, de quem ele herdou o intenso amor pelas artes e até acentuada parcela do
talento, foi o meu colega professor Antenor Finatti que, de Botêlho costumava
me dizer: “Anote aí o nome desse rapaz porque ele ainda vai nos envaidecer
muito por nos tratar afavelmente de Mestres”. Com seu extraordinário talento
Botêlho vem confirmando os vaticínios do professor Finatti e toda vez que ele
me chama em público de meu Mestre eu sinto um imenso orgulho por tê-lo como
amigo e fraternalmente como discípulo, tal é a sua envergadura artística.
(*: Pintor, desenhista e professor.)
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