Nesse aspecto, o Brasil não está sozinho: a Itália, o país que sempre conviveu com a máfia e a corrupção é um modelo para o Brasil que incorporou a cultura da corrupção, da impunidade, da devassidão e da decadência moral.
O Brasil da Operação Lava Jato se assemelha em muito com a Itália da Operação Mãos Limpas. A Operação Mãos Limpas que foi uma investigação judicial de grande envergadura realizada na Itália. Essa operação teve início em Milão e visava esclarecer casos de corrupção durante a década de 1990 (no período de 1992 a 1996) na sequência do escândalo do Banco Ambrosiano, revelado em 1982, que implicava a Máfia, o Banco do Vaticano e a Loja Maçônica P2, mas, que acabou sendo assassinada pelo crime organizado e o seu braço político. O mesmo destino que fatalmente terá a Operação Lava Jato. Igreja e máfia juntas.
Ouçam um trecho da coluna do jornalista Carlos Alberto Sardenberg reproduzido pelo site O Antagonista:
“Ricardo Lewandowski, para condenar a Lava Jato, disse que a operação trouxe enormes prejuízos ao PIB, algo como uma perda em torno de 150 bilhões de reais, soma muito maior que o dinheiro recuperado pela força-tarefa.”
“Lewandowski simplesmente contou de outro modo a velha política do ‘rouba mas faz’, docemente aceita no século passado (…). ”
Com base nesse trecho extraído do texto escrito por Carlos Alberto Sardenberg é possível concluir que “de onde se espera é que não sai absolutamente nada” que possa contribuir para a construção ou a salvação de uma nação dominada por uma corrupção endêmica e sistêmica. Uma nação forjada num “romantismo” que tolera todo tipo de safadeza e imoralidade em nome da garantia de empregos.
“Como não conseguem esconder que houve corrupção, ministros do STF inventam essa história de que o combate à roubalheira foi prejudicial ao país. É o contrário. Quantos investimentos deixaram de ser feitos por aqui porque só eram viáveis se os investidores entrassem na regra do jogo sujo? ” (O Antagonista)
Aqui cabe uma pergunta: O Brasil tem jeito? Só se for reinventado com base numa cultura que valorize a moral, a ética e a seriedade. Que palavras como moral, ética e seriedade deixem de ser apenas um recurso de retórica.
A propósito, o presidente da república, Jair Messias Bolsonaro se elegeu em cima de um discurso de combate à corrupção, mas ao sentar na cadeira de presidente e para se garantir no poder, adotou a política do presidencialismo de coalizão e se entregou de corpo e alma aos políticos fisiologistas. O fisiologismo que é um tipo de relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de favores, favorecimentos e outros benefícios ligados a interesses privados, em detrimento do bem comum.
No Brasil, nenhum político é confiável, seja ele de direita, esquerda ou de centro, porque o que os move não é uma convicção, mas interesses, muitos deles inconfessáveis, até mesmo para o padre no confessionário. É obvio que existem as honrosas exceções, mas são poucas.
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