O número de infeções continua caindo por toda a Europa e as campanhas de vacinação avançam.
Perante os sinais positivos muitos países europeus relaxaram as restrições retomando alguma normalidade.
A semana foi, contudo, marcada pelos eventos ocorridos nas imediações do continente com destaque para o mais recente drama de refugiados no Mediterrâneo e os combates entre Israel e o Hamas.
A escalada de violência no Oriente Médio foi a razão para o encontro de emergência dos chefes da diplomacia europeia que procuram uma solução diplomática para o fim dos combates.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que a prioridade era implementar um cessar-fogo antes de se encontrar uma solução política de longo prazo.
"Condenamos os ataques de foguetes pelo Hamas e outros grupos terroristas contra o território israelita. Apoiamos o direito de Israel à defesa, mas consideramos que tal deve ser feito de forma proporcional e respeitando a lei humanitária internacional", afirmou o Alto Representante da UE para Assuntos Externos, Josep Borrell.
As divisões europeias relativamente a Israel e aos Palestinos foram reveladas depois de Borrell ter admitido que falava apenas em nome de 26 estados-membros, a Hungria foi o único país a não apoiar a declaração europeia.
Durante uma deslocação rumo a Paris, o ministro húngaro dos negócios estrangeiros, Peter Szijjarto, explicou porque razão não gosta das declarações europeias sobre o Médio oriente.
"Estas declarações são geralmente muito unilaterais, e não ajudam, particularmente nestas circunstâncias, quando as tensões estão elevadas. Penso que é necessária uma abordagem mais inteligente em vez de panfletos políticos e declarações ideologicamente tendenciosas", defendeu o ministro húngaro.
Infelizmente o ministro húngaro não explicou o que significa uma abordagem mais inteligente.
Tudo sugere que o governo húngaro não gostou da menção de vítimas civis na declaração, muitas mulheres e crianças de ambos os lados.
E dado o número muito mais elevado de vítimas palestinas, a declaração dos 26 estados-membros seria unilateral, segundo o governo húngaro.
Seja como for, a situação explosiva que se vive na região preocupa a comunidade internacional que terá que lidar de novo com este conflito que dura há décadas.
Falamos com o embaixador Dennis Ross, enviado especial para o Médio Oriente durante a presidência de Bill Clinton e conselheiro especial do presidente Barack Obama.
Stefan Grobe, euronews: A última vez que Israel e o Hamas lutaram foi em 2014, durante 50 dias, e desde então nunca mais houve paz verdadeira. Agora já decorreram duas semanas de combates, foi uma surpresa ou isto iria acontecer mais cedo ou mais tarde?
Dennis Ross: "Não acho que tenha sido uma surpresa. Em 2014 o Hamas disparou 4500 foguetes contra Israel no espaço de 52 dias. Desta feita, dispararam quase o mesmo número no espaço de 10 dias. O Hamas usou o tempo desde 2014 para construírem um vasto arsenal mas também redes de túneis. Tudo isto sugere que não foi um acidente, iria acontecer mais cedo ou mais tarde".
SG, euronews: O presidente Biden aumentou a pressão sobre Netanyahu. Eles conhecem-se há décadas, têm uma boa relação pessoal, isso pode ajudar no futuro?
Ross: Penso que o primeiro-ministro Netanyahu compreende que Biden tem um grande empenho pessoal em Israel. Por isso, se por um lado ele está preparado para apoiar Israel, por outro quando ele diz que é preciso parar, então é mesmo preciso parar. São palavras que serão levadas a sério pelo primeiro-ministro.
SG, euronews: Alguns republicanos em Washington apelaram ao Presidente Biden para que abandone as conversações nucleares indiretas com o Irã devido aos combates entre Israel e o Hamas, sugerindo que o Irã está envolvido com o Hamas. É justo?
Ross: O que é justo é dizer que o Irã apoia o Hamas ativamente. Mas estas duas questões estão separadas. Haja ou não um acordo nuclear, os iranianos continuam a fazer o que fazem na região. Penso que o que os EUA têm que fazer é, de certa forma, operar da mesma forma que o Irã. O Irã afirma que a questão nuclear é uma coisa e o que eles fazem na região é outra.
SG, euronews: Netanyahu tem tido dificuldades em formar um novo governo. A luta contra o Hamas vai ajudá-lo a nível interno ou vai tornar a sua vida mais difícil?
Ross: Nenhum governo israelita iria aceitar a ideia de que o Hamas pudesse disparar foguetes contra Jerusalém ou Tel Aviv sem que haja resposta, ou alguma forma de dissuasão. Mas Netanyahu não está em posição de formar governo. Não é de se pensar em excluir e que sejam organizadas novas eleições. Depois se verá. A sociedade israelita foi de facto abalada e isso chocou muitos israelitas. Ninguém sabe como o público vai responder uma vez estabelecido um cessar-fogo e é algo que vai ser explorado durante a campanha eleitoral.
Finalmente, se no Oriente Médio não se vislumbra a paz, na França e na Europa, a situação está mudando.
Segundo os planos de desconfinamento, os cafés e restaurantes franceses já podem oferecer serviço no exterior antes da reabertura por completo prevista para 30 de junho.
O presidente Macron foi um dos primeiros a sentar-se no terraço de um café onde se reuniu com o primeiro-ministro. Com Euronews
O Hamas e os palestinos sabem do poderio bélico dos israelitas e apelam para o lançamento de dezenas de foguetes, como quem pensa em atingir psicologicamente os israelitas. O número de baixas do lado de Israel é relativamente pequeno, mas o efeito psicológico dos foguetes lançados pelo Hamas é devastador. Nessa guerra cada lado usa as armas que possui.
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