No Brasil, são poucos os políticos que no posto de vice-prefeito, vice-governador e até de vice-presidente da república que antes do fim do mandato não rompam com o titular do posto. O exemplo mais recente, podemos citar, o do ex-presidente da república Michel Temer que tramou contra a presidenta da república Dilma Rousseff e acabou defenestrando a petista do poder e assumindo no seu lugar. Esse é um mau exemplo.
Em 1950, o candidato Getúlio Vargas não queria o advogado Café Filho como seu companheiro de chapa, mas foi obrigado a aceitá-lo, para não contrariar um dos seus maiores apoiadores, o governador do estado de São Paulo, Ademar de Barros. Café Filho que segundo os historiadores desempenhou no suicídio de Getúlio Vargas, o mesmo papel de Michel Temer no impeachment de Dilma Rousseff.
Como bom exemplo de um vice, podemos citar o ex-vice-presidente da república, Marco Maciel que sempre se postou como uma pessoa fiel e conciliadora em dois mandatos do ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso (FHC). Esse é um caso excepcional e figura na história brasileira como um exemplo de retidão de caráter e de ambição moderada desse pernambucano que faleceu em junho deste ano aos 81 anos.
Geralmente, o vice acaba rompendo com o titular do posto, porque o titular percebe nos movimentos do seu vice atitudes e atos que sugerem uma ambição desmedida de parte de alguém que almeja ocupar o seu lugar. Alguns vices tramam contra o titular, chegando as vias de fato, sendo que em alguns casos o vice planeja e manda executar a morte física daquele que na vacância do cargo é substituído pelo seu substituto natural.
Desde a implantação do regime republicano no Brasil, com as instituições funcionando democraticamente ou ditatorialmente, uma questão flutua ao vento das marés: para que serve mesmo o vice-presidente da República, os vice-governadores e os vice-prefeitos? Para absolutamente nada.
De acordo com as Constituições federal, estaduais e as leis orgânicas dos municípios, os vices substituem os titulares na vacância do cargo ou em missões oficiais e específicas do titular.
Mas, para serem eventualmente convocados para tais missões, os cofres públicos reservam recursos orçamentários de monta para mantê-los, com casa, comida, pessoal de apoio, transporte, segurança e mordomias. Isso no caso do vice que é um cargo em perspectiva.
Essas divergências se aguçaram depois que o Brasil se redemocratizou em 1946 e vieram à tona no governo do presidente Getúlio Vargas, que não escondia as suas diferenças com o vice, Café Filho. Nos governos de Juscelino Kubitscheck e Jânio Quadros eram visíveis as desconfianças de ambos com o vice, João Goulart.
No regime militar, os presidentes Costa e Silva e João Figueiredo, mostravam publicamente as aversões devotadas aos vices Pedro Aleixo e Aureliano Neto.
No presente momento, o vice-presidente da república, o general da reserva Hamilton Mourão vive às turras com o presidente da república Jair Messias Bolsonaro. Bolsonaro que anda emitindo sinais dando conta de que não terá como companheiro de chapa em 2022 o seu atual vice-presidente.
Nos municípios, os vices não usufruem de mordomias, mas vivem em eterna e desleal conspiração contra os chefes das comunas, para os expurgarem dos cargos. Não são todos evidentemente!
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