terça-feira, 31 de maio de 2022

A poesia segundo Lea Goldberg

 

O rio canta para pedra

 

Tradução: Cecília Meireles

 

O rio canta para a pedra beijei a pedra em seu sonho gelado

porque eu sou o cântico e ela, o silêncio,

por ela é o enigma e eu quem o propõe,

porque ambos fomos talhados da mesma eternidade.

 

Beijei a pedra, sua carne solitária,

Ela é jura de fidelidade e eu o infiel.  

Eu sou o efêmero e ela o permanente,

ela, o segredo a criação, - eu, sua revelação.

 

Eu vi que tocava no coração do mistério:

Eu sou o poeta e ela é o universo.

 

“Lea, Mário Quintana e eu nos parecemos pelo menos numa coisa. Os três amamos Cecília Meireles, a que um dia escreveu: Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta”. (Erico Veríssimo)

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