O rio canta para pedra
Tradução: Cecília Meireles
O rio canta para a pedra beijei a pedra em seu sonho gelado
porque eu sou o cântico e ela, o silêncio,
por ela é o enigma e eu quem o propõe,
porque ambos fomos talhados da mesma eternidade.
Beijei a pedra, sua carne solitária,
Ela é jura de fidelidade e eu o infiel.
Eu sou o efêmero e ela o permanente,
ela, o segredo a criação, - eu, sua revelação.
Eu vi que tocava no coração do mistério:
Eu sou o poeta e ela é o universo.
“Lea, Mário Quintana e eu nos parecemos pelo menos numa coisa. Os três amamos Cecília Meireles, a que um dia escreveu: Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta”. (Erico Veríssimo)
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