quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

José sugere desistência de Tião para manter unidade da base

por Gustavo Krieger

Por meses, José Sarney (PMDB-AP) negou a intenção de candidatar-se à Presidência do Senado. Não queria participar de uma disputa em plenário. Ontem, ele finalmente foi lançado oficialmente, em um almoço da bancada do PMDB. Mas continua sem querer disputar. Para ele, o ideal seria que o petista Tião Viana (AC) renunciasse “para preservar a união das forças que apoiam o governo”. Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é contra a divisão dos governistas em duas candidaturas. Disse, no entanto, que não pedirá a Tião que desista. “Essa é uma questão para os líderes partidários.”

Até duas semanas, era Tião quem apostava na desistência de Sarney, usando o mesmo argumento. O da unidade na base do governo. Na ocasião, o petista esperou em vão o apoio do Palácio do Planalto para pressionar o senador do PMDB. Ontem, foi Sarney quem mandou o mesmo recado ao governo.

A reunião que lançou a candidatura aconteceu na residência oficial da Presidência do Senado. O atual ocupante, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), até tentou ser candidato à re-eleição. Ocupou durante algumas semanas o espaço deixado vago pelo mistério feito por Sarney, mas foi atropelado quando ele decidiu assumir a candidatura. Ontem, um constrangido Garibaldi fugiu da atenção dos jornalistas. “Não percam tempo comigo”, pediu.

Votos

A festa, de fato, era toda de Sarney. Dos 20 senadores do PMDB, apenas dois não compareceram: Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) são contabilizados como votos para Tião Viana. O restante seguirá a posição partidária. Na contabilidade do comando de campanha do veterano parlamentar, ele já teria garantidos 58 dos 81 votos. Mais que o suficiente para vencer. Ontem, já era tratado como presidente.

Mesmo ontem, ele negou que a candidatura seja um desejo pessoal. “Resolvi aceitar o apelo das principais lideranças do meu partido, em prol da unidade. Não poderia deixar de atender a convocação em prol da governabilidade do meu país e de oferecer minha experiência no momento de crise mundial que afeta todos os países e que também pode atingir o Brasil”, definiu.

“Deselegante”

O PT, como era de se esperar, reagiu mal à sugestão de Sarney. Uma nota oficial da bancada negou qualquer possibilidade de renúncia. O senador Aloizio Mercadante (SP), novo líder, disse que “é deselegante solicitar agora, ao final do processo, a retirada da candidatura de Tião Viana, que representa a renovação”. Ele garantiu que o PT levará a disputa ao plenário e ainda alfinetou o peemedebista. “Tião Viana construiu sua candidatura com muita antecedência, quando Sarney dizia que não era candidato.”

Nenhum comentário: