No ano passado o ministro da educação da Inglaterra, se não me falha a memória, foi demitido só porque os seus filhos estudavam em colégios particulares. Isso no Reino Unido foi um verdadeiro escândalo, com a população e a imprensa condenando e exigindo a demissão de um ministro que não acreditava na qualidade do ensino por ele administrado.
A revista Época desta semana traz na coluna Primeiro Plano Dois Pontos, um depoimento da atriz Andréia Beltrão, onde ela explica o porquê dos seus filhos estudarem em colégios da rede pública. “Meus filhos lidam com pessoas diferentes, de realidades diferentes, e isso enriquece muito a personalidade de cada um deles”.
Se a elite brasileira seguisse o exemplo de Andréia Beltrão e prestigiasse a escola pública até como uma forma de melhorar a educação em nosso país, o Brasil teria uma educação de boa qualidade para todos. Como a classe média tem maior poder de pressão, toda vez que a educação pública brasileira perdesse em qualidade a elite exercia o seu poder de pressão e o governo procurava intervir no sentido de melhorar a qualidade do ensino.
Mas como o filho da elite brasileira não estuda em colégio público, a tendência é que a cada dia que passa a educação destinada aos pobres deste país se torne cada vez pior. Num país onde o rico tem uma escola de primeira qualidade e o pobre uma escola de péssima qualidade – o que se observa é o fosso que separa os ricos dos pobres cada vez mais aumentando.
Quando ricos e pobres freqüentam a mesma escola, quem ganha é o país como um todo. Mas quando ricos e pobres freqüentam escolas diferentes, quem ganha é o apartheid social.
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