A culpa não é dos baianos, é nossa

O ex-ministro da cultura Gilberto Gil, que vai ser homenageado pelos piauienses com o título de cidadão piauiense, anda dividindo as opiniões no Estado do Piauí, com uma parte da população desse estado, achando justa essa homenagem, enquanto a outra parte critica o autor desse projeto que homenageia esse baiano que não se reconhece como nordestino. Essa falsa nordestinidade dele é só para se dizer autêntico.

Querem saber a minha opinião, embora eu não tenha sido consultado a esse respeito? Pois eu penso o seguinte: baiano nenhum deveria ser homenageado pelos piauienses, sobretudo, àqueles que se dizem mentores do movimento tropicalista, por procurarem sempre negar o papel e a importância do poeta e jornalista piauiense Torquato Neto, nesse movimento.

Os baianos e a Bahia, se consideram o centro do universo, com muitos deles, se dependessem só das suas vontades, não querendo fazer parte da região Nordeste. Quando eles aportam por aqui, e elogiam o Piauí, é só para fazer média, como se diz na gíria. O cantor Durval Lélis, quando vem buscar o santo dinheirinho dos piauienses, faz até questão de dizer que tem raízes piauienses. Só que aqui, bem entendido, porque lá fora os baianos torcem o nariz, quando alguém se refere ao Piauí.

O baiano é metido a esperto e sabe levar vantagem em cima do nosso espírito de cachorro vira lata, como escrevia o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, toda vez que se referia a nossa baixa ou nenhuma auto-estima. Música baiana que ouço só a feita por Elomar Figueira de Melo e Xangai. Esporadicamente, eu ouço Caetano Veloso.

O axé é uma porcaria, o samba de roda, ainda vai, mas a suingueira baiana, me dá enjôo. O piauiense tem que se valorizar mais, e essa valorização começa, quando ele procura valorizar aquilo que ele produz em termos culturais. O discurso e a erudição do Gil é um porre!

Em Tempo:

Eu detesto toda a baianidade nagô. Antes que eu me esqueça: o trio elétrico baiano é uma imitação grosseira do frevo pernambucano. Grosseira porque não é uma manifestação espontânea, genuína do povo.