Risco envolvendo dívidas públicas italiana e espanhola pode levar a novos resgates financeiros
O nervosismo voltou nesta terça-feira aos mercados de todo o mundo, devido aos temores de que a crise envolvendo as dívidas públicas dos países da zona do euro contagie a Itália e a Espanha.
O principal índice da bolsa de Milão chegou a operar em baixa de 4% durante o dia, mas se recuperou e fechou com alta de 1,2%. Já a bolsa de Madri fechou em baixa de 0,69%, enquanto a bolsa de Londres caiu 1%.O euro também caiu, atingindo sua menor cotação em relação ao dólar em quatro meses, valendo US$ 1,3835.
A Bovespa fechou em -0,86%, a menos de 60 mil pontos, enquanto o índice Nasdaq da bolsa de Nova York também sofria queda. Mais cedo, as principais bolsas de valores da Ásia também fecharam em baixa.
A preocupação é de que a Itália e a Espanha, países com grandes dívidas públicas, sigam o mesmo caminho de Grécia, Portugal e Irlanda, buscando um resgate financeiro junto ao FMI e à União Europeia (UE).
Reunião de ministros
Ministros de Finanças europeus reunidos em Bruxelas afirmaram nesta terça-feira que estão engajados em um "comprometimento absoluto para salvaguardar a estabilidade financeira na zona do euro".
Na segunda-feira, eles disseram que esforços aprimorados para "melhorar a capacidade sistêmica da zona do euro em resistir a riscos de contágio" incluiriam "aumentar a flexibilidade e o alcance" do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, sigla em inglês).
O EFSF é o fundo com o qual todos os países do euro contribuem, com o objetivo de auxiliar as nações do bloco que passem por dificuldades financeiras.
Os ministros também concordaram em estudar a revisão para baixo dos juros que Grécia, Portugal e Irlanda têm de pagar, além de estender a duração de seus empréstimos.
Diplomatas afirmam que uma cúpula dos 17 líderes dos países da zona do euro pode ser realizada na próxima sexta-feira. O presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy, disse que uma cúpula "não foi descartada".
O comissário de assuntos econômicos da UE, Olli Rehn, não comentou o assunto, mas disse estar aliviado que os "Estados-membros agora esteja tomando ações rápidas para encarar quaisquer fraquezas".
Plano de austeridade
Nesta terça-feira, o ministro das Finanças da Itália, Giulio Tremonti, deixou mais cedo a reunião em Bruxelas para se concentrar na elaboração de um plano de austeridade para reduzir o deficit do país.
Tremonti propõe cortes de 48 bilhões de euros (cerca de R$ 107 bilhões) no orçamento em um prazo de três anos, planejando reduzir o deficit italiano para zero até 2014, em comparação com os 3,9% em relação ao PIB registrados neste ano.
Os mercados, no entanto, demonstraram preocupação com as declarações do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que indicou em uma entrevista que o plano de austeridade pode não ter 100% de apoio em seu gabinete.
As ações de bancos italianos caíram fortemente no início da sessão. No entanto, o anúncio feito pelo governo de uma venda bem-sucedida de títulos da dívida com vencimento em 12 meses voltou a animar o mercado de ações.
"Estamos em um dos piores momentos da crise monetária europeia", afirma o analista Jean-François Robin, do banco de investimentos francês Natixis, segundo a agência France Presse.
"A ideia de um contágio da crise grega para outros países da zona do euro, como Itália e Espanha, está ganhando terreno." (BBC Brasil)
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