quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A poesia segundo Luís Augusto Cassas

“Poeta nasce poeta. Poeta nasceu Luís Augusto Cassas. Basta ler qualquer dos poemas deste livro inspirado nas pedras de memória (materiais e espirituais) de Alcântara e outras pedras que ele inventou. A liberdade com que Cassas lida com as palavras e as idéias nos desconcerta e encanta. EM SÃO LUÍS”.  (Ferreira Gullar)

MAR DEPRIMIDO
mar de São Luis, constrangido,
que banhas as costas do Atlântico
e as costas e seios das pacíficas,
quem te roubou o azul do paraíso:
os vendedores de cloro das piscinas
ou o céu desbotado do olhar das meninas?
mar de São Luis, humilhado,
saqueado por metralhas e conquistadores
em navios que vazam óleo desde o início,
quem roubou o azul do teu sorriso:
os poetas que te deixaram abandonado
ou os petroleiros que te sujaram o vestido?
mar de São Luís, sucateado,
sobra de outros mares, poluído.
o cinzento de tuas águas
é tua bandeira de mágoas?
é o teu vestido e anágua?
choras por Antonio: o de Cleópatra?
choras por outro: o de Ana Amélia.
mar de São Luís, enrubescido,
derramas lágrimas de crocodilo,
deságuas sujas águas em praias e portos.
enches os tonéis, os lenços, os esgotos.
mar de São Luis, emaranhado
em maranhas de mar amargurados,
quem seqüestrou o teu azul-coral
deixou-te em troca o excesso de sal.
entanto, o verde que antevejo nessa manhã,
só o vislumbro detrás de óculos rayban.
a não ser que eu ponha cloro,
nas lágrimas que, em ti, choro.
Conferência inaugural
Eu, Luís Augusto Cassas, discípulo da fé e da razão, transmito a todos que tiverem ouvidos de ouvir e olhos de ver esssas meias-verdades ditadas pelo Espírito da Poesia. Em nome do Pai, da Mãe e do Filho.
O mundo chegou ao limite máximo de tensão dos opostos: amor-ódio, espiritualismo-materialismo, apolíneo-dionisíaco, direita-esquerda, fogo-água, bem-mal.
A polaridade continua destilando os seus radicais livres no corpo da Unidade, comprometendo a saúde da Totalidade.
"Tudo que é sólido desmancha no ar."
O mal é apenas o bem a caminho.
O belo é o feio reintegrado;
A torre de Babel concluiu seu edifício de especialização e foi fulminada pelo raio da consciência cósmica universal.
Antes de ser animal político, o homem é animal poético.
Luís Augusto Cassas - é um poeta maranhense

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