Pobre de um
país, cujo povo vive recorrendo às religiões, para fugir de uma vida Severina,
como tão bem descreveu o poeta João Cabral de Melo Neto no seu poema dramático
homônimo, a triste saga do nordestino retirante da seca - que foge do sertão para
o litoral em busca de dias melhores e ao chegar ao seu novo destino, a cidade
grande se depara com outra realidade igualmente cruel ou mais cruel ainda,
porque na cidade grande, não existe solidariedade e o ser humano para
sobreviver nessa selva de pedra, se reveste de uma couraça, armadura feita de egoísmo
e insensibilidade. A religião para o desesperado é como um balsamo, uma fé que
conforta e alivia o homem da pressão psicológica, provocada pela incerteza do
dia a dia. Mas esse conforto espiritual via de regra custa caro ao dependente, porque
ele reserva uma cilada, armadilha, armada por pastores, apóstolos e profetas embusteiros,
milagreiros e adoradores do dinheiro, que com falsas promessas escravizam e
exploram pessoas incautas, de espírito puro e boa fé. (Tomazia Arouche)
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