Há
exatamente 20 anos que eu venho evitando às pessoas e às coisas, que fatalmente
eu iria encontrar pela frente, caso vivesse perambulando pelos eventos que
acontecem diariamente, onde encontramos pessoas desconhecidas e também conhecidas.
Hoje recluso,
vivo cercado de jornais e livros, os meus amores definitivos. Quando essas
companhias me cansam, como cansam todas as coisas que se tornam quotidianas
demais, refugio-me na música, o meu terceiro amor, numa ordem decrescente de importância.
Sem amigos por
perto, que remontam a juventude, não me interesso por amizades fortuitas que
ocorrem casualmente, porque via de regra não temos tempo para descobrir nessas
amizades, algum ponto em comum.
Quando jovem,
fiz muitas amizades que fui perdendo, na medida em que vivia mudando de um lugar
para outro.
Viver como
um andarilho tem vantagem e desvantagem. A vantagem é poder respirar novos ares
e descobrir o novo. Já a desvantagem é sentirmo-nos sempre um estrangeiro em
qualquer lugar e a sensação de que tudo nos é estranho.
Por mais que
permaneçamos num lugar, o sentimento é sempre o de não pertencimento àquela
tribo. E o que é pior: é sentir-se estrangeiro no próprio lugar de nascimento.
Viver
isolado é uma opção de vida, para quem como eu, resolveu um dia se aventurar pelo
mundo e não criar raízes profundas, nesse ou naquele lugar.
Por Tomazia Arouche
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