sábado, 12 de janeiro de 2013

Vivo me escondendo do mundo

Há exatamente 20 anos que eu venho evitando às pessoas e às coisas, que fatalmente eu iria encontrar pela frente, caso vivesse perambulando pelos eventos que acontecem diariamente, onde encontramos pessoas desconhecidas e também conhecidas.

Hoje recluso, vivo cercado de jornais e livros, os meus amores definitivos. Quando essas companhias me cansam, como cansam todas as coisas que se tornam quotidianas demais, refugio-me na música, o meu terceiro amor, numa ordem decrescente de importância.  

Sem amigos por perto, que remontam a juventude, não me interesso por amizades fortuitas que ocorrem casualmente, porque via de regra não temos tempo para descobrir nessas amizades, algum ponto em comum.

Quando jovem, fiz muitas amizades que fui perdendo, na medida em que vivia mudando de um lugar para outro.

Viver como um andarilho tem vantagem e desvantagem. A vantagem é poder respirar novos ares e descobrir o novo. Já a desvantagem é sentirmo-nos sempre um estrangeiro em qualquer lugar e a sensação de que tudo nos é estranho.

Por mais que permaneçamos num lugar, o sentimento é sempre o de não pertencimento àquela tribo. E o que é pior: é sentir-se estrangeiro no próprio lugar de nascimento.

Viver isolado é uma opção de vida, para quem como eu, resolveu um dia se aventurar pelo mundo e não criar raízes profundas, nesse ou naquele lugar.

Por Tomazia Arouche

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