por Pedro Luiz Rodrigues
A liberdade de imprensa, a liberdade
de expressão, e todas as liberdades asseguradas pelas democracias são,
reconheço, um estorvo para os governantes.
O jornalista tem o péssimo hábito de meter
o bedelho em tudo, de querer investigar tudo, de não aceitar como verdade
absoluta o que é proclamado como tal pelos governantes de plantão.
Onde não floresce a democracia, onde
não se confia no discernimento da cidadania, a tentativa de silenciar (ou de
cooptar) a imprensa é uma prática corrente. Aqui e no resto do mundo.
O governo militar lançou mão dos mais
variados recursos para impedir a imprensa de apurar e divulgar a realidade
considerada inconveniente à boa imagem do regime. Não obteve sucesso.
Antes, Getúlio Vargas, com o mesmo
objetivo, recorrera ao famigerado Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
como força auxiliar aos serviços de segurança. O DIP silenciava as vozes
dissonantes, a polícia política desaparecia com os dissidentes.
Notícias e comentários que não
agradavam ao ditador eram considerados ataques à Nação. Em 1940, Getúlio mandou
o DIP calar o jornal O Estado de São Paulo. Ocupou sua redação, destituiu sua
direção e assumiu seu controle.
Nos cinco anos em que ficou sob a
tutela oficial, o Estadão só publicou boas notícias. Nas quais ninguém
acreditava, pois sua credibilidade extinguiu-se.
No mundos fascista, nazista e
comunista, a liberdade de imprensa foi também suprimida. As igrejas, de modo
geral, também não é apreciada. É o universo dos dogmáticos, das verdades
reveladas, que não aceitam questionamento.
Quando chegou ao poder, em 1933,
Adolf Hitler criou o Ministério para o Esclarecimento Popular e Propaganda,
entregando-o ao comando de Joseph Goebbels. Sua missão: fazer a lavagem
cerebral nos alemães, transmitindo a mensagem nazista por todos os meios
disponíveis, inclusive a imprensa.
Na União Soviética a imprensa foi
mantida sob o estrito controle do Partido Comunista, o que assegurou por três
quartos de século a opacidade total sobre o que acontecia na federação e no
âmbito do próprio Partido. Um partido que propunha a defesa do povo, mas cuja
elite cuidou mesmo foi de seu conforto e riqueza.
Esses tópicos esparsos vieram-me à
cabeça depois de ler a notícia que o Diretório Nacional do PT, em sua última
reunião, em Fortaleza, distribuiu documento exigindo a “democratização da
mídia”.
O PT está ansioso para que se proceda
a uma reforma do marco regulatório da mídia. Pretende apoiar um projeto de lei
de iniciativa popular para alcançar esse objetivo, como proposta pelo Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação, pela Central Única dos
Trabalhadores e outras entidades.
O jornalista Rui Falcão, hoje
deputado estadual e presidente do PT, diz que o objetivo da proposta é o
alargamento da liberdade de expressão, e que ela nada tem a ver com censura ou
controle da mídia, e ainda pode dar mais empregos aos jornalistas.
O deputado, quem sabe, qualquer dia
vai sugerir que se aprove uma reforma da Constituição acabando com o Ministério
Público e, se der, com o STF.
Falcão acha que a imprensa e setores
do Ministério Público tentam interditar a política, prática que comparou às
exercidas pelos nazistas e fascistas.
Ele acha também que não houve
mensalão.
Não teria havido se não tivéssemos no
Brasil uma imprensa livre e alerta.
Não teria havido se não tivéssemos no
Brasil um Ministério Público corajoso e independente e um STF que não teme cara
feia ou ameaças.Fonte: claudiohumberto.com.br

Nenhum comentário:
Postar um comentário