terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O eco das vozes reprimidas na Venezuela

por LORENA TASCA |  EL UNIVERSAL

Artistas repercutem nos twittes dos venezuelanos as vitimas da violência

 “Eu tenho muitos seguidores, mas aqui lhes digo e digo para o meu filho que se lhe cair uma bomba lacrimogênea no seu olho em Altamira. O perdôo”, disse à atriz Gleyse Ibarra olhando a câmera, com a sua voz alquebrada e os olhos tristes, num vídeo colocado no Youtube. E não se trata de um pai, mas de Maria Isabel Buisán, mãe de Carlos Alberto Tejada, que perdeu a vista ao protestar no dia 20 de fevereiro, passado.    

Outras histórias, como a de Ángel Naya, um jovem valenciano que recebeu um disparo de policial motorizado enquanto participava de uma manifestação, e viveu para contar em 140 caracteres e narrado na voz dramática de Alba Roversi. Enquanto que a comunicadora Érika de La Veja pôs uma dramática entonação e um rosto aflito e o sofrimento por que passaram os jornalistas José Márquez e Patrícia Vasconcelos na semana passada ao se encontrarem presos num edifício em Altamira, enquanto escutavam disparos da Guarda Nacional Bolivariana que tentava tirá-los  e a um grupo de estudantes desse lugar.   

Essas são algumas das histórias que resumem na voz de artistas graças ao efeito e eco,  uma campanha criada em 16 de fevereiro, por um jornalista e desenhista gráfico venezuelano de nome Sebastião Arrechedera, que desde os 14 anos reside na cidade do México.

”É um movimento que nasceu espontaneamente, depois de uma reunião com vários amigos. Surgiu porque nos demos conta da grande quantidade de pessoas que estão contando as suas experiências nas redes sociais, e coincidiu com a saída do ar do canal NTN24. Ai nos perguntamos: como buscar uma maneira dos artistas e comunicadores contarem suas experiências que tenham vivido alguns venezuelanos, era uma boa forma de lutar contra o blackout informativo”, explica Arrenchedera, que se graduou no Instituto de Desenho (designe) de Caracas. 

Mas não são só as pessoas conhecidas que estão convidadas a participar da campanha crida por um jovem de 37 anos, junto com seus companheiros, também venezuelanos: Mariana Burelli, Félix Tatia, Luis Peña e Alycia de Sousa. “A idéia é participar sem importar quem seja. Também estamos convidando as pessoas para que façamos uma canção em conjunto com alguns tuiteiros que tem surgido. Há muitas maneiras de se fazer eco”, explica.

Os passos para fazer parte da campanha se encontram na página do Facebook - Efecto eco – e para enviar propostas, o interessado deve escrever ao correioeletronico@gmail.com. Arrechedera sublinha via telefônica que essa campanha não pretende tomar partido político. “Só queremos ser a voz do povo que participa das manifestações, para que o mundo escute”, assinalou.

Por tal motivo, a página no Facebook assegura que não serão publicadas as propostas que contenham uma posição política, religiosa, divisionista e que incitem a violência. 

Sem prejuízo, já foram recebidos comentários ofensivos de parte dos seguidores do presidente Nicolás Maduro, através da conta (elefectoeco). “Nós esperamos que isso não passe de insultos e que todos se dêem conta de que os manifestantes são todos venezuelanos, sem importar a sua posição política”, finaliza Arrechedera. Tradução: Tomazia Arouche

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