quinta-feira, 10 de abril de 2014

Planalto adota o erro como tática no caso da CPI

Errar é humano. Mas escolher o erro cuidadosamente, plenejar o erro metodicamente e executar o erro minuciosamente…, isso ninguém faz melhor do que os operadores políticos de Dilma Rousseff. Os resultados são estupendos. Fechando o foco na encrenca sobre a CPI da Petrobras, resulta que a presidente tinha um problema criado por ela mesma e, graças à ação de auxiliares e aliados, agora tem três.
Com uma nota politicamente desastrada sobre a compra de uma refinaria no Texas, Dilma fornecera o combustível que levou à coleta de assinaturas para uma CPI no Senado. Primeiro problema. O governo poderia ter lidado com ele de forma convencional. Acionaria sua maioria, pagaria o preço e sufocaria a CPI. Mas decidiu inovar.
Em procedimento inédito, um PT mal orientado optou por esmigalhar um pedido de CPI turbinando-o. Além da Petrobras, enfiou no requerimento o cartel de trens e o porto pernambucano de Suape. Mandou para o beleleu a exigência constitucional de fato determinado.
Com muitos petro-interesses a preservar, Renan Calheiros deu asas à manobra. Pau-pra-toda-obra que o governismo encomendar, Romero Jucá produziu um relatório conveniente. E a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a macro-CPI nesta quarta-feira (9). Fez isso sob tumulto.
Em coreografia ensaiada, os senadores de oposição anunciaram um boicote, saltaram da cadeira e se retiraram da comissão. Aécio Neves puxou o cordão. Segundo problema para Dilma. Até aqui, seus rivais tinham uma CPI que, esmagada pela maioria governista, assaria uma pizza. Ganharam de presente uma aparência de vítima e um bom discurso. O discurso de quem quer reestatizar a Petrobras e o Planalto não deixa.
Com seu trator desgovernado, o governo empurrou a oposição para o STF. Numa petição bem articulada, os antagonistas de Dilma pediram ao Supremo que assegure o direito constitucional da minoria parlamentar de instalar uma CPI que conta com as assinaturas necessárias, a matéria prima para investigação e o prazo de funcionamento delimitado. Terceiro problema para Dilma.
Se a oposição prevalecer no Supremo, a presidente da República vai às manchetes com a cara de derrotada. E não terá se livrado da CPI. Na improvável hipótese de o Supremo indeferir o pedido, a oposição conservará o discurso. E poderá exercitá-lo num boicote à CPI turbinada do Senado. Não é só. Em 15 de abril, dia da próxima sessão conjunta do Congresso, com deputados e senadores, os gênios do Planalto terão de lidar com um pedido de CPI Mista, já protocolado pela oposição. O governo também já apresentou uma versão turbo dessa CPI. Uma evidência de que é errando que se aprende…. A errar. Conteúdo: blog do Josias

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