Errar é humano. Mas escolher o erro cuidadosamente,
plenejar o erro metodicamente e executar o erro minuciosamente…, isso ninguém
faz melhor do que os operadores políticos de Dilma Rousseff. Os resultados são
estupendos. Fechando o foco na encrenca sobre a CPI da Petrobras, resulta que a
presidente tinha um problema criado por ela mesma e, graças à ação de
auxiliares e aliados, agora tem três.
Com
uma nota politicamente desastrada sobre a compra de uma refinaria no Texas,
Dilma fornecera o combustível que levou à coleta de assinaturas para uma CPI no
Senado. Primeiro problema. O governo poderia ter lidado com ele de forma
convencional. Acionaria sua maioria, pagaria o preço e sufocaria a CPI. Mas
decidiu inovar.
Em
procedimento inédito, um PT mal orientado optou por esmigalhar um pedido de CPI
turbinando-o. Além da Petrobras, enfiou no requerimento o cartel de trens e o
porto pernambucano de Suape. Mandou para o beleleu a exigência constitucional
de fato determinado.
Com muitos petro-interesses a
preservar, Renan Calheiros deu asas à manobra. Pau-pra-toda-obra que o
governismo encomendar, Romero Jucá produziu um relatório conveniente. E a
Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a macro-CPI nesta quarta-feira (9). Fez isso sob tumulto.
Em
coreografia ensaiada, os senadores de oposição anunciaram um boicote, saltaram
da cadeira e se retiraram da comissão. Aécio Neves puxou o cordão. Segundo
problema para Dilma. Até aqui, seus rivais tinham uma CPI que, esmagada pela
maioria governista, assaria uma pizza. Ganharam de presente uma aparência de vítima
e um bom discurso. O discurso de quem quer reestatizar a Petrobras e o Planalto
não deixa.
Com
seu trator desgovernado, o governo empurrou a oposição para o STF. Numa petição
bem articulada, os antagonistas de Dilma pediram ao Supremo que assegure o direito
constitucional da minoria parlamentar de instalar uma CPI que conta com as
assinaturas necessárias, a matéria prima para investigação e o prazo de
funcionamento delimitado. Terceiro problema para Dilma.
Se
a oposição prevalecer no Supremo, a presidente da República vai às manchetes
com a cara de derrotada. E não terá se livrado da CPI. Na improvável hipótese
de o Supremo indeferir o pedido, a oposição conservará o discurso. E poderá
exercitá-lo num boicote à CPI turbinada do Senado. Não é só. Em 15 de abril,
dia da próxima sessão conjunta do Congresso, com deputados e senadores, os
gênios do Planalto terão de lidar com um pedido de CPI Mista, já protocolado
pela oposição. O governo também já apresentou uma versão turbo dessa CPI. Uma
evidência de que é errando que se aprende…. A errar. Conteúdo: blog do Josias
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