Angela
Merkel acusa Moscou de "não estar contribuino para o desanuviamento da
tensão".
As trocas de palavras continuam inflamadas e nas cidades
ucranianas do Leste não está afastada a hipótese de novos confrontos, mas no
horizonte surgiu uma hipótese de desanuviamento com o anúncio de que os chefes
da diplomacia da Rússia, Estados Unidos, Ucrânia e União Européia vão se reunir na próxima semana para discutir
aquela que se transformou na crise mais grave na Europa desde o fim da Guerra
Fria.
A ideia do encontro foi
lançada pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, num telefonema,
segunda-feira, com o seu homólogo russo, segundo a Reuters. Sergei Lavrov teria
aceitado a sugestão, apesar de insistir que o convite fosse estendido a
representantes das regiões russófonas, onde cresce o descontentamento com o
governo interino da Ucrânia, dominado pelos partidos pró-europeus.
Mas a exigência russa não foi mencionada pelo gabinete de
Catherine Ashton, representante para a política externa da UE, quando
terça-feira à noite confirmou que a reunião a quatro se realizará na próxima
semana, ainda sem data certa nem local marcado. Será o primeiro encontro neste
nível desde que, em Fevereiro, o ex-Presidente ucraniano Viktor Ianukovich fugiu de Kiev, deixou
caminho livre à oposição que durante meses contestou nas ruas a sua decisão de
não assinar um acordo de associação com a União Europeia (UE), e desde que a região autónoma da
Crimeia foi anexada pela Rússia.
Já depois deste anúncio, a chanceler alemã acusou a Rússia de
“lamentavelmente não está em muitas áreas, contribuindo para o desanuviamento
da tensão”. Angela Merkel tem sido desde o início da crise a interlocutora do
Presidente russo, Vladimir Putin, mas também uma das dirigentes européias mais
críticas da atuação de Moscou.
Num discurso ao Parlamento, nesta quarta-feira, a chanceler
garantiu que a UE “vai continuar a fazer o que tem feito”. “Por um lado vamos
manter o diálogo, mas ao mesmo tempo vamos deixar claro de que, no nosso ponto
de vista, a Ucrânia tem direito a decidir o caminho do seu desenvolvimento. É
esta a nossa exigência.”
Em Washington, numa comissão do Senado, Kerry acusou também
Moscou de ter enviado “agentes e provocadores” para as três cidades do Leste
onde, na véspera, manifestantes pró-russos tomaram edifícios públicos
A todas as acusações a Rússia responde que não tem planos para
invadir a Ucrânia, mas insiste que o governo interino ucraniano não está respondeno
às preocupações das populações do Leste, onde a maioria fala russo e a economia
é dependente do país vizinho. Por isso, Moscou assegura a sua determinação em
defender as populações de origem russa na região, o que deixa em aberto a
possibilidade de intervenção num caso de incidentes na Ucrânia.
Um cenário que não está neste momento descartado, tanto mais que
Kiev tem endurecido o tom em relação aos manifestantes que ocupam edifícios da administração nas cidades
Donetsk e Lugansk. Depois de na véspera os ter chamado de “criminosos e
terroristas”, o ministro do Interior, Arsen Avakov, afirmou nesta quarta-feira
que a situação nas duas cidades será resolvida nas próximas “48 horas”. “Há
duas opções na mesa: negociações ou a força. Aos que querem diálogo, propomos
negociações e uma solução política. Para a minoria que quer guerra, a resposta
das autoridades ucranianas será dura”, avisou. Com P Público
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