quarta-feira, 9 de abril de 2014

Primeira reunião entre Rússia, EUA, Ucrânia e UE anunciada para a próxima semana

Angela Merkel acusa Moscou de "não estar contribuino para o desanuviamento da tensão".


As trocas de palavras continuam inflamadas e nas cidades ucranianas do Leste não está afastada a hipótese de novos confrontos, mas no horizonte surgiu uma hipótese de desanuviamento com o anúncio de que os chefes da diplomacia da Rússia, Estados Unidos, Ucrânia e União Européia  vão se reunir na próxima semana para discutir aquela que se transformou na crise mais grave na Europa desde o fim da Guerra Fria.
A ideia do encontro foi lançada pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, num telefonema, segunda-feira, com o seu homólogo russo, segundo a Reuters. Sergei Lavrov teria aceitado a sugestão, apesar de insistir que o convite fosse estendido a representantes das regiões russófonas, onde cresce o descontentamento com o governo interino da Ucrânia, dominado pelos partidos pró-europeus.
Mas a exigência russa não foi mencionada pelo gabinete de Catherine Ashton, representante para a política externa da UE, quando terça-feira à noite confirmou que a reunião a quatro se realizará na próxima semana, ainda sem data certa nem local marcado. Será o primeiro encontro neste nível desde que, em Fevereiro, o ex-Presidente ucraniano Viktor Ianukovich fugiu de Kiev, deixou caminho livre à oposição que durante meses contestou nas ruas a sua decisão de não assinar um acordo de associação com a União Europeia (UE), e desde que a região autónoma da Crimeia foi anexada pela Rússia.
Já depois deste anúncio, a chanceler alemã acusou a Rússia de “lamentavelmente não está em muitas áreas, contribuindo para o desanuviamento da tensão”. Angela Merkel tem sido desde o início da crise a interlocutora do Presidente russo, Vladimir Putin, mas também uma das dirigentes européias mais críticas da atuação de Moscou.
Num discurso ao Parlamento, nesta quarta-feira, a chanceler garantiu que a UE “vai continuar a fazer o que tem feito”. “Por um lado vamos manter o diálogo, mas ao mesmo tempo vamos deixar claro de que, no nosso ponto de vista, a Ucrânia tem direito a decidir o caminho do seu desenvolvimento. É esta a nossa exigência.” 
Em Washington, numa comissão do Senado, Kerry acusou também Moscou de ter enviado “agentes e provocadores” para as três cidades do Leste onde, na véspera, manifestantes pró-russos tomaram edifícios públicos
A todas as acusações a Rússia responde que não tem planos para invadir a Ucrânia, mas insiste que o governo interino ucraniano não está respondeno às preocupações das populações do Leste, onde a maioria fala russo e a economia é dependente do país vizinho. Por isso, Moscou assegura a sua determinação em defender as populações de origem russa na região, o que deixa em aberto a possibilidade de intervenção num caso de incidentes na Ucrânia.
Um cenário que não está neste momento descartado, tanto mais que Kiev tem endurecido o tom em relação aos manifestantes que ocupam edifícios da administração nas cidades Donetsk e Lugansk. Depois de na véspera os ter chamado de “criminosos e terroristas”, o ministro do Interior, Arsen Avakov, afirmou nesta quarta-feira que a situação nas duas cidades será resolvida nas próximas “48 horas”. “Há duas opções na mesa: negociações ou a força. Aos que querem diálogo, propomos negociações e uma solução política. Para a minoria que quer guerra, a resposta das autoridades ucranianas será dura”, avisou. Com P Público

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