por Rogério Newton
Quando nasceu o movimento em defesa do Morro da Cruz, em agosto de 2012, o assunto ganhou foros de discussão pública: artigos, postagens nas redes sociais, exposição de fotografias, reuniões de ativistas, petição ao Ministério Público, abaixo-assinado ao prefeito...
Quando nasceu o movimento em defesa do Morro da Cruz, em agosto de 2012, o assunto ganhou foros de discussão pública: artigos, postagens nas redes sociais, exposição de fotografias, reuniões de ativistas, petição ao Ministério Público, abaixo-assinado ao prefeito...
Faltavam apenas dois meses para as
eleições. A campanha dos partidos fervia ruidosamente. Mas nos discursos dos
candidatos não havia nenhuma palavra sobre o Morro da Cruz. Nada sobre o que
mobilizou tanto a atenção dos que consideram o desmatamento e a depredação
agressões inaceitáveis ao patrimônio natural e à memória da cidade.
Se o interesse sobre o tema não
chegou aos pretendentes à gestão pública e a um assento na Câmara de
Vereadores, podemos pensar em várias hipóteses: o problema não tem importância
para a política; é relevante, mas é bom não se meter no assunto; não gera
votos, então é melhor ignorá-lo. Há outras hipóteses, mas deixo-as a cargo do
leitor.
Apesar do silêncio da esfera pública,
usado como estratégia, o problema não deixou de existir nem foi esquecido pelos
que defendem a conservação do Morro da Cruz e a sua transformação em parque
ecológico municipal e lugar de lazer e contemplação próximo ou dentro da
ambiência natural.
Esse silêncio proposital não é bom para
ninguém. O tema ambiental é relevante e a cidade não pode deixar de
enfrentá-lo. Daí que a política não pode fugir dele nem desconsiderar o que a
sociedade pensa a respeito.
Num momento desses, é bom ouvir quem
pode contribuir sensatamente. Por exemplo, o engenheiro industrial e ornitólogo
brasileiro, de ascendência dinamarquesa, Johan Dalgas Frisch, autor, com seu
filho Christian, do excelente “Aves Brasileiras e Plantas que a Atraem”. Ele
pediu à presidenta Dilma que o governo, ao construir conjuntos habitacionais,
conserve o maior número possível de árvores e plante outras tantas. Sua tese é
simples: se as crianças crescerem ouvindo o canto dos pássaros, tem mais chance
de tornarem-se pessoas sensíveis e solidárias.
Mas não só isso: há um pragmatismo em
se viver próximo a pássaros e plantas. “Onde tem aves, tem qualidade de vida.
Onde tem aves, tem negócios prolongados. Elas tem a força para conduzir
investimentos num condomínio bem planejado ou de conseguir votos para
administradores bem intencionados”.
Interrompo aqui o pensamento de Johan
Dalgas Frish para lembrar que o abaixo-assinado em defesa do Morro da Cruz,
entregue ao Prefeito de Oeiras em 2012, continha 1.462 assinaturas. Mesmo que
não se leve em consideração os assinantes sem domicílio eleitoral em Oeiras e
os que não estão em idade de votar, o número é suficiente para eleger,
folgadamente, um vereador no município. E pode fazer a diferença na disputa
pelo cargo de prefeito.
Como uma política ambiental bem
intencionada pode germinar votos? Johan Dalgas Frish explica: “Muito simples.
Uma cidade com parques, jardins, bela arborização e muitas flores consegue
atrair sabiás, canarinhos, bigodinhos, periquitos, beija-flores, um sem-número
de pássaros e... votos”.
Precisa dizer mais?
Siga o blog Dom Severino no Twitter e no Facebook
Siga o blog Dom Severino no Twitter e no Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário