quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O maior problema do Brasil é a interdependência dos poderes

"Só o poder freia o poder" (Montesquieu)

O Espírito das Leis, o mais importante livro de Montesquieu publicado em 1748 quando o autor tinha cinquenta e nove anos, é produto de um pensamento elaborado na primeira metade do século XVIII, obra de um pensador, único na sua época, que considerava os problemas políticos em si mesmos, sem ideias pré-concebidas sobre o espírito e a natureza.

A separação dos poderes foi uma idéia pensada por Montesquieu, para que um poder funcionasse como um freio para o outro poder.

Na busca de distribuir a autoridade, o autor do livro o “Espírito das Leis” descreveu detalhadamente a separação dos poderes em Executivo, Judiciário e Legislativo, não necessariamente nesta ordem. Essa sua obra influenciou os elaboradores dos países democráticos na hora de criarem as suas constituições.  

No Brasil em que pese a existência desses três poderes, na prática a coisa não funciona como nos países verdadeiramente democráticos, como os EUA, França, Japão e os países nórdicos. Aqui, o Poder Executivo manipula, manobra e domina os outros poderes, a partir da formação do quadro dirigente dos outros poderes.

O exemplo mais emblemático da influência do Poder Executivo sobre Poder Judiciário é a forma como são escolhidos os ministros do STF, STJ e desembargadores federais. Esse modelo de escolha também se aplica à escolha dos desembargadores estaduais. Como a escolha depende da vontade do presidente da república e dos governadores, os escolhidos acabam sendo gratos para 'todo o sempre' a quem lhes concedeu um cargo vitalício e da maior importância e respeitabilidade.     

O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa no julgamento da ação 470, mais conhecida como Mensalão, ao adotar uma atitude de independência com relação ao governo do partido que o indicou e o nomeou para a Suprema Corte, quase viu o mundo desabar sobre ele.

O presidente da Câmara Federal, os presidentes das Assembléias Legislativas e das câmaras municipais, por serem eleitos geralmente com o apoio dos governadores e prefeitos, acaba funcionando com uma força auxiliar do chefe do Poder Executivo. É assim que a coisa funciona em nosso país.

No Brasil é muito difícil julgar e legislar com independência.


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