“Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.” (Paulo Freire)
As nossas escolas não ensinam a pensar. É óbvio que
estou me referindo à escola pública. Uma escola que nem os secretários de educação
municipal; os mais pobres gestores da educação brasileira usam para educar os
seus filhos. É que as nossas escolas públicas ainda usam um método de ensino que
o educador Paulo Freire classificou como bancário, do tipo que o professor vai
depositando informações nas cabeças dos educandos sem que o “educador” se
preocupe em fazer o seu alunado refletir (pensar) sobre os conteúdos
depositados.
Não por acaso as escolas mais bem avaliadas pelo ENEM
são na sua maioria expressiva escolas particulares que remuneram bem os seus professores
e lhes disponibilizam ferramentas e recursos, como as escolas da Finlândia,
Coreia do Sul e os demais tigres asiáticos. Países que num curto espaço de
tempo atingiram um nível de desenvolvimento educacional e econômico
surpreendente. O Instituto de Educação Dom Barreto do estado do Piauí é uma escola das mais bem avaliadas
pelo ENEM, por exemplo, remunera muito bem o seu corpo docente.
A educação brasileira contribui de maneira definitiva
para ampliar o fosso que separa ricos e pobres neste país. Em conversa com um
educador honesto da rede pública ele me afirmou que a escola pública só serve para
combater a fome da periferia, porque a merenda escolar em que pese o fracasso
da nossa educação pública é relativamente boa e farta.
O professor da rede pública via de regra leciona na
rede privada (particular) para melhorar os seus rendimentos e quando chega à
escola pública está caindo pelas tabelas, como se diz na gíria, cansado e sem
animo para dá mais aulas.
O Brasil na realidade é uma grande Belíndia. Em 1974,
Edmar Bacha (economista com participação em alguns Governos) criou a expressão Belíndia para caracterizar o que seria a distribuição de renda no Brasil, à época
uma mistura entre uma pequena e rica Bélgica e uma imensa e pobre Índia. Isso vale
pro Brasil ainda hoje, apesar da Índia ter virado o que virou, a Bélgica
continuar a ser o que era, e o Brasil ainda ser o país do futuro incerto.
No Brasil só os bem nascidos são ensinados a pensar e a
buscar o crescimento cognitivo e consequentemente o econômico. Enquanto que os
pobres são mantidos nas favelas e nos morros para cumprirem o determinismo
histórico.
Aprender a pensar é o atalho que leva o ser humano a
driblar a sua triste e humilhante condição de gente miserável.
por Joachim
Arouche
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