sexta-feira, 7 de agosto de 2015

As nossas escolas não ensinam a pensar


“Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.” (Paulo Freire)

As nossas escolas não ensinam a pensar. É óbvio que estou me referindo à escola pública. Uma escola que nem os secretários de educação municipal; os mais pobres gestores da educação brasileira usam para educar os seus filhos. É que as nossas escolas públicas ainda usam um método de ensino que o educador Paulo Freire classificou como bancário, do tipo que o professor vai depositando informações nas cabeças dos educandos sem que o “educador” se preocupe em fazer o seu alunado refletir (pensar) sobre os conteúdos depositados.  

Não por acaso as escolas mais bem avaliadas pelo ENEM são na sua maioria expressiva escolas particulares que remuneram bem os seus professores e lhes disponibilizam ferramentas e recursos, como as escolas da Finlândia, Coreia do Sul e os demais tigres asiáticos. Países que num curto espaço de tempo atingiram um nível de desenvolvimento educacional e econômico surpreendente. O Instituto de Educação Dom Barreto do estado do Piauí é uma escola das mais bem avaliadas pelo ENEM, por exemplo, remunera muito bem o seu corpo docente.

A educação brasileira contribui de maneira definitiva para ampliar o fosso que separa ricos e pobres neste país. Em conversa com um educador honesto da rede pública ele me afirmou que a escola pública só serve para combater a fome da periferia, porque a merenda escolar em que pese o fracasso da nossa educação pública é relativamente boa e farta.

O professor da rede pública via de regra leciona na rede privada (particular) para melhorar os seus rendimentos e quando chega à escola pública está caindo pelas tabelas, como se diz na gíria, cansado e sem animo para dá mais aulas.

O Brasil na realidade é uma grande Belíndia. Em 1974, Edmar Bacha (economista com participação em alguns Governos) criou a expressão Belíndia para caracterizar o que seria a distribuição de renda no Brasil, à época uma mistura entre uma pequena e rica Bélgica e uma imensa e pobre Índia. Isso vale pro Brasil ainda hoje, apesar da Índia ter virado o que virou, a Bélgica continuar a ser o que era, e o Brasil ainda ser o país do futuro incerto.

No Brasil só os bem nascidos são ensinados a pensar e a buscar o crescimento cognitivo e consequentemente o econômico. Enquanto que os pobres são mantidos nas favelas e nos morros para cumprirem o determinismo histórico.

Aprender a pensar é o atalho que leva o ser humano a driblar a sua triste e humilhante condição de gente miserável.  

por Joachim Arouche

Siga no  Twitter, no Facebook e no Portalaz ao blog Dom Severino

Nenhum comentário: