terça-feira, 12 de abril de 2016

Somos todos iguais nesta republiqueta



É uma tremenda de uma sacanagem querer atribuir aos nossos políticos, todas as mazelas deste país “varonil”. Ocorre que o político brasileiro é feito da mesma matéria do restante da população brasileira.

Qume me garante que eu no lugar de qualquer um desses políticos que estão sendo investigados e presos pela Operação Lava Jato, não agiria da mesma forma? É que o brasileiro para ser corrupto e corruptor só depende de uma oportunidade. É óbvio que no nosso universo político existem pessoas honestas, integras e acima de qualquer suspeita. Mas, infelizmente são uma minoria.

O Brasil para ser visto como um país minimamente decente, precisa sofrer  um choque de ética e de moralidade. Valores esses que não se aprende na escola, mas, no ambiente doméstico.

O exemplo mais flagrante do nosso caráter e da nossa cultura política está contido nesta frase emblemática: “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”, do insuperável dramaturgo, escritor e jornalista brasileiro, o pernambucano Nelson Rodrigues.

A cara do Brasil – música de Celso Viáfora e Vicente Barreto

Eu estava esparramado na rede
Jeca urbanóide de papo pro ar
Me bateu a pergunta meio à esmo:
Na verdade, o Brasil o que será?
O Brasil é o homem que tem sede
Ou o que vive na seca do sertão?
Ou será que o Brasil dos dois é o mesmo
O que vai, é o que vem na contra mão?

O Brasil é o caboclo sem dinheiro
Procurando o doutor n'algum lugar
Ou será o professor Darcy Ribeiro
Que fugiu do hospital pra se tratar?

A gente é torto igual a Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se vira sozinho
Decerto então nada vai dar

O Brasil é o que tem talher de prata
Ou aquele que só come com a mão?
Ou será que o Brasil é o que não come
O Brasil gordo na contradição?
O Brasil que bate tambor de lata
Ou que bate carteira na estação?

O Brasil é o lixo que consome
Ou tem nele o maná da criação?
Brasil Mauro Silva, Dunga e Zinho
Que é o Brasil zero a zero e campeão
Ou o Brasil que parou pelo caminho:
Zico, Sócrates, Júnior e Falcão

A gente é torto igual a Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se vira sozinho
Decerto então nada vai dar

O Brasil é uma foto do Betinho
Ou um vídeo da Favela Naval?
São os Trens da Alegria de Brasília?
Ou os trens de Subúrbio da Central?
Brasil Globo de Roberto Marinho?
Brasil bairro, Carlinhos Candeal?
Quem vê, do Vidigal, o mar e as ilhas
Ou quem das ilhas vê o Vidigal?

O Brasil alagago, palafita?
Seco açude sangrado, chapadão?
Ou será que é uma Avenida Paulista?
Qual a cara da cara da nação?

A gente é torto igual a Garrincha e Aleijadinho
Ninguém precisa consertar
Se não der certo a gente se vira sozinho
Decerto então nada vai dar.

A letra dessa música traça um perfil do Brasil e do brasileiro. O brasileiro que nasceu torto e não tem como consertá-lo, porque nós temos uma cultura já consolidada e, uma cultura leva muitos anos para ser mudada. Isso quando existe vontade de mudança e um trabalho nesse sentido. O que não é o nosso caso. A propósito: recomendo a audição dessa música na voz de Ney Matogrosso.

Por José de Ribamar Moscoso Collares

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