O perfil de Michel Temer não guarda nenhuma semelhança com o do ex-presidente da república, Itamar Franco. O político baiano/mineiro Itamar sempre foi um político à moda antiga, cujo traço marcante na sua personalidade era sua absoluta intransigência com malfeitos. Nesse aspecto, merece ser relembrada a atitude do presidente quando pairavam dúvidas sobre a ética de seu principal ministro, o então chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves. O ministro não era apenas amigo de Itamar, os dois eram como irmãos. Nada disso impediu o presidente de afastar o auxiliar até que uma sindicância apurasse a suspeita sobre Hargreves de estar associado à prática de corrupção. Como nada ficou provado contra o seu ministro, Itamar o reintegrou ao cargo.
Já o presidente nacional do PMDB e vice-presidente da
república, Michel Temer, além de presidir um partido com um número expressivo
de parlamentares envolvidos pela Operação Lava Jato no Petrolão, Temer já teve o seu
nome citado pelos delatores Fernando Baiano e Júlio Camargo. Segundo Júlio
Camargo, o lobista Fernando Baiano era conhecido como representante do PMDB, o
que incluiria Cunha, Renan e Temer.
Na primeira interrupção de mandato presidencial na história
brasileira, Café Filho negou lealdade a Getúlio e saiu da História para entrar
no esquecimento, tendo de renunciar, sob alegadas razões de saúde, já em meio
às articulações de um golpe para impedir a posse de Juscelino Kubitschek.
No episódio Collor, Itamar Franco mesmo já tendo rompido
politicamente com o Presidente, não fez nenhuma articulação para assumir o cargo. Recolheu-se ao
silêncio, não conspirou, não se exibiu, não se serviu da situação, mesmo já
estando na cota de desafetos pessoais do presidente em desespero.
por Joachim Arouche
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