segunda-feira, 27 de junho de 2016

A pintura do maranhense Fernando Mendonça






Sobre o artista

Fernando Mendonça nasce em 4 de abril de 1962. Maranhense, de São Bento de Bacurituba, paupérrimo povoado do interior do Estado, caçula de uma família de oito irmãos, que logo se vê obrigada a transferir-se para a capital de São Luís, onde o pai saxofonista e a mãe artesã, costureira e dona de casa, procuram novos horizontes para educar e dar melhores oportunidades aos seus filhos.

Desde pequeno manifesta dotes artísticos, gatafunhando nos cadernos escolares, por falta de outros meios, o que lhe custa duas reprovações consecutivas.

Possui o segundo grau completo. Inicia sua formação artística em 1978, quando ingressa no Grupo “Laborarte” (importante na vida cultural de São Luís do Maranhão nos anos 70 e 80). Expõe individualmente pela primeira vez em 1984, mesmo ano em que conhece o renomado artista plástico Rubens Gercheman, que o encoraja a ir buscar melhores dias num centro urbano maior: o Rio de Janeiro. No ano seguinte, em 1985, segue o conselho do mestre e transfere-se para a cidade maravilhosa.

Hoje, Fernando Mendonça tem em seu currículo significativas conquistas que evidenciam seu talento e patenteiam a qualidade de sua expressão artística. Vive a trabalhar no universo carioca, apesar de sua origem provinciana, tem a alma cosmopolita, o que é evidente em suas obras. Sua arte mistura surpresa e originalidade, sendo um dos mais importantes artistas visuais contemporâneo.


Por Ferreira Gullar, Rio de Janeiro, 2009:


“Fernando Mendonça é uma daquelas vocações indiscutíveis; alguém que nasceu para realizar-se como artista plástico. Na fase atual, ele enveredou pelo campo da xilogravura que, por definição, é arte de artesão mesmo, e que, na época moderna, com o expressionismo, tornou-se a busca do que há de mais genuíno no artista. Fernando Mendonça, nesta série de gravuras, nos dá provas desta busca do genuíno, que se confunde com deliberada pobreza dos meios de se expressar.


Ao gravar em tábuas de caixotes de feira e ao explorar uma temática intranscendente do cotidiano, ele consegue nos tocar com simpleza de formas que inventa.”

Por Ronaldo Britto, Rio de Janeiro, 2009:

“Olhar é uma forma de ação, envolvimento do artista com o seu redor. De imediato, esse olhar voraz clama por medidas físicas: desmontar caixotes de maçãs, retirar suas tábuas e nelas fixar , com um simples estilete, flagrantes dispersos de vida, que , justapostos, nunca chegarão a compor uma cena no sentido clássico, estático do termo. Tudo aqui exprime movimento, a começar por essas tábuas finas e compridas, que repetem instintivamente a forma nas ruas. E o gesto característico do gravador, sulcado, incisivo, torna-se quase fluido : rápido e casual, ele capta e, desde logo redime , o caos nosso de cada dia”.

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