A atual geração que tem a pornografia instantânea
ao alcance de seus olhos e mãos, infelizmente nunca dará o devido valor ao
trabalho subversivo de Carlos Zéfiro na década de 60. Esse era o
pseudônimo do funcionário público brasileiro Alcides Aguiar Caminha, que
ilustrou e publicou, por mais de 30 anos, histórias em quadrinhos de
cunho erótico que ficaram conhecidas por "catecismos zéfiro".
Sobre essa alcunha, o carioca boêmio Alcides,
ilustrou e vendeu cerca de 500 trabalhos desenhados em preto e branco com
tamanho de 1/4 de folha ofício, um quadro por página, contendo de 24 a 32
páginas que, devido ao seu conteúdo, eram vendidos na surdina em
bancas de jornais.
Durante
muito tempo ele conseguiu manter sua identidade em segredo do público, até que
resolveu expor-se em uma entrevista para a revista Playboy de 1991, após saber
que um quadrinista baiano havia maliciosamente declarado ser o verdadeiro Carlos
Zéfiro. Em novembro do mesmo ano participou da I Bienal de
Quadrinhos.
No ano
seguinte recebeu o Troféu HQ Mix, pela importância de sua obra. Morreu
alguns dias após o prêmio.
No youtube podemos encontrar uma rara entrevista de Alcides no extinto programa Jo Onze e Meia no SBT.
No youtube podemos encontrar uma rara entrevista de Alcides no extinto programa Jo Onze e Meia no SBT.
Não se
pode negar que não há mais espaço no mercado atual para alocar os folhetins
eróticos de Carlos Zéfiro nos dias modernos. Mas existe todo um contexto
histórico em torno de sua arte, que a faz ser estudada até hoje pelos
profissionais da área. Após sua morte, ele teve um trabalho publicado como
homenagem póstuma na capa e encarte do CD Barulhinho Bom, da cantora
Marisa Monte. E em Janeiro de 2011, os trabalhos de Zéfiro foram expostos ao
lado de outros quadrinhos eróticos do resto mundo no Museu do Sexo, em Nova
York.
Através
do site oficial carloszefiro.com, você ainda pode visitar essa
parte deliciosa da nossa história e ler alguns títulos excitantes de Zéfiro,
como: "Carla, a Goianinha", "Aventuras de João Cavalo",
"A Fogosa", e, claro, o clássico "Maria Lúcia, a
Caprichada".
Infelizmente
não deu tempo de vermos o 'catecismo zéfiro', de alguma forma, transplantado
para a tecnologia da internet, mas, eu encontrei uma animação selecionada pelo festival
do minuto, e inspirada na arte de Zéfiro, que pode nos dar uma
boa ideia de como seria essa atualização. Fonte: Dito Pelo Maldito
“A obra
de Carlos Zéfiro, prolífico desenhista de quadrinhos
pornográficos
brasileiros de forte atuação nas décadas de 1950 e 1960, sob o viés dos estudos
da pornografia. Em seus chamados Catecismos, Zéfiro narrava situações que
culminavam em práticas sexuais explícitas, ilustradas pelos desenhos do autor e
pelas narrações e caixas de diálogo presente nos quadrinhos. A obra de Zéfiro
traz à tona
diversas
perspectivas de análise da pornografia: seu surgimento enquanto categoria legal
vinculado a um processo de modernização do ocidente; a disseminação da
pornografia por meio da imprensa, e a contestação da ordem vigente por meio de
suas obras”. (Matheus Navarro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário