quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A poesia segundo Pablo Neruda


Poema XX

(...)
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como ao pasto o orvalho.
Que importa que meu amor não possa guardá-la
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Muito longe alguém canta. Muito longe.
Minha alma não se contenta em havê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a busca.
Meu coração a busca, e ela não está comigo.
Porque, em noites como esta, a tive entre meus braços,
minha alma não se contenta em havê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que eu lhe escrevo.

Pablo Neruda

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