quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Violência reproduz violência


A violência às vezes é necessária, mas a meus olhos não há grandeza senão na doçura." (Simone Weil)

“Hay que endurecerse, pêro sin perder Ia ternura jamás.” (Comandante Che Guevara)

 

A violência do aparato policial reproduz a violência da sociedade. A violência das escolas reproduz a violência da sociedade e assim sucessivamente.

A violência praticada por policiais, por carcereiros contra supostos criminosos e presos sentenciados, provoca uma reação daqueles que vivem à margem da lei, apelando para a lei do tailão. A lei de talião, do latim lex talionis, também dita pena de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Esta é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. Isso não é bom para o tecido social, porque acaba provocando uma verdadeira guerra entre os agentes da lei e transgressores das leis, pessoas que tem parentes, muitas delas nas próprias corporações.  

Não custa nada lembrar que o policial existe numa sociedade para protege-la e não para matar alguns dos seus membros, mesmo que a vítima seja um criminoso. Ao policial cabe prender o criminoso e a justiça julgá-lo e condená-lo. O policial só pode matar em legitima defesa no caso de um confronto, onde praticar o crime é uma questão de defesa pessoal ou de um companheiro de farda.

Agora pasmem! O presidente eleito Jair Messias Bolsonaro elogiou ação policial que terminou com a morte de um suposto assaltante. Está mais do que provado que só se combate efetivamente a violência com políticas públicas de grande alcance social. Isso quem afirma são cientistas sociais (psicólogos, sociólogos e assistentes sociais). Bolsonaro ao elogiar o policial criminoso, estimula uma violência que provocou a morte de várias dezenas de policiais, numa reação clara de vingança do criminoso que sabe que num confronto ele não terá a menor chance de sobrevivência. Desnecessário dizer que nos presídios brasileiros os criminosos são tratados com requintes de crueldade e com desumanidade. Os filmes Tropa de Elite I e II retratam muito bem o preparo e a formação dos nossos policias. É óbvio que em toda corporação policial existem policias com formação cristã. Ainda bem!   

Aqui não fazemos apologia do crime e tão pouco defendemos criminosos, mas, defendemos o tratamento humano e humanizado ao criminoso. A lei brasileira defende o princípio do contraditório e da ampla defesa. Essa garantia só existe nos países verdadeiramente democráticos. Essa manifestação do presidente eleito funciona como um incentivo à prática de violência que aterroriza o povo brasileiro.

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