| narciso acha feio o espelho |
rugas rugem no rosto
rasgam a pele pelo meio, rangem
abrem trilhas trevos, travessia de mau gosto
deixam rastro raízes imposto
rugas surgem na vertigem da cara
rasgam traços furam faros, ferem
fazem falhas fendas de carne rara
fabricam ferida que nunca sara
rugas mudam de cor a seda virgem
rasgam finos poros plantam fuligem
fundam sem truque a falta de infância
riscam estrias sobre tenra elegância
rugas inauguram dor e cicatriz na juventude
rasgam ventas mancham murcham toda plenitude
marcham com navalhas impondo duro corte
golpeiam o futuro anunciam sua morte
rugas vagam entre massas maçãs e narinas
rasgam véus vãos secam flores femininas
espalham decadência cegam punhais e beleza
quebram espelhos afiam lâminas trevas tristeza
Antônio Celso Borges
Araújo. Radicado em São Paulo, é um poeta, letrista e jornalista maranhense. Já
publicou cinco livros de poesias: No Instante da Cidade, Pelo Avesso, Persona
Non Grata e Nenhuma das Respostas Anteriores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário