Samba-Canção
Tantos poemas que perdi
Tantos
que ouvi, de graça,
pelo
telefone – taí,
eu
fiz tudo pra você gostar,
fui
mulher vulgar,
meia-bruxa,
meia-fera,
risinho
modernista
arranhado
na garganta,
malandra,
bicha,
bem
viada, vândala,
talvez
maquiavélica,
e
um dia emburrei-me,
vali-me
de mesuras
(era
uma estratégia),
fiz
comércio, avara,
embora
um pouco burra,
porque
inteligente me punha
logo
rubra, ou ao contrário, cara
pálida
que desconhece
o
próprio cor-de-rosa,
e
tantas fiz, talvez
querendo
a glória, a outra
cena
à luz de spots,
talvez
apenas teu carinho,
mas
tantas, tantas fiz…
Ana Cristina Cesar foi uma das principais representantes da Poesia Marginal, movimento literário conhecido também como Geração Mimeógrafo. Formada em Letras pela PUC-Rio, mestre em Comunicação pela UFRJ e em Teoria e Prática de Tradução Literária pela Universidade de Essex, na Inglaterra, Ana também foi poeta, jornalista, tradutora e crítica literária.
Nasceu no dia 02 de junho de 1952, no Rio de Janeiro, e foi em meio à geração do mimeógrafo que seu nome surgiu para a literatura brasileira.
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