No trabalho presencial um trabalhador pode fazer uma pergunta rápida a um colega na mesa ao lado, o chefe pode convocar reuniões a qualquer momento para discutir problemas e soluções.
Essas são apenas algumas das razões pelas quais Jorge Silva, de 26 anos, prefere gerenciar sua equipe no escritório, em vez de fazer isso da própria residência.
"Para nós, como empresa, o escritório vem em primeiro lugar. Acho que podemos ser melhores quando trabalhamos no escritório em tempo integral", diz Jorge, que lidera uma equipe de relações públicas de uma empresa sediada na cidade São Paulo.
A partir de abril, a empresa passou a dar aos funcionários a opção de retornar parcialmente ao escritório. "Nosso objetivo é que o maior número possível de membros da equipe retorne ao escritório com a maior frequência possível nos próximos meses", explica ele.
Especialistas em recursos humanos dizem que a postura de Jorge, revela uma postura de líder que ainda não atentou para as mudanças que a pandemia da Covid-19 está provocando no mundo corporativo: um mundo onde o trabalho remoto já é uma realidade e o trabalho híbrido é uma tendência mundial. O trabalho híbrido é um modelo de trabalho que possibilita que o funcionário cumpra a sua jornada de trabalho na empresa, presencialmente e, também, à distância, em sua casa ou local que entender ser melhor para desempenhar suas funções.
Apesar de inúmeras pesquisas globais indicarem que trabalhar remotamente foi uma experiência positiva para um número significativo de funcionários e que muitos (mas não todos) querem manter as coisas como estão, muitos chefes discordam.
Nos EUA, 72% dos chefes que supervisionam funcionários remotamente preferem que todos os funcionários estejam no escritório, segundo pesquisa, porque dessa forma o chefe ou líder de uma equipe não ‘perde o controle’ sobre os colaboradores.
Uma pesquisa realizada em junho por um Instituto de Pesquisa na cidade de São Paulo, mostrou que cerca da metade dos chefes esperam que a equipe esteja no escritório pelo menos dois a três dias por semana. O trabalho híbrido é uma tendência que atende aos interesses, tanto do trabalhador como do empregador.
Necessidade de controle
Embora trabalhar em casa durante a pandemia tenha demonstrado que os funcionários são capazes de ser produtivos, os especialistas em recursos humanos observam que muitos chefes tiveram ‘uma perda de controle’ sobre a sua equipe em comparação com os tempos pré-pandêmicos. E agora eles querem recuperar esse controle.
"Se você está junto com os colaboradores, sente que pode estar no controle", diz um chefe.
"Gerenciar uma equipe remota é mais difícil. Exige novas habilidades. Muita gente entrou despreparada nessa área", diz Maya Middlemiss, autora e especialista em trabalho remoto, com sede em Valência, na Espanha.
O trabalho à distância tem prós e contras (pontos positivos e negativos), evidentemente, mas, na opinião de muitos gerentes ouvidos sobre essa experiência, os pros superam os contras e um líder de pessoal explica e cita exemplos das vantagens do trabalho remoto, principalmente nas grandes metrópoles, onde o trabalhador, via de regra, trabalha muito distante do seu local de trabalho. As vantagens pontadas são: “a economia no consumo de energia elétrica, no consumo de cafezinho, na economia no transporte, seja na forma do pagamento de passagens ou no consumo de gasolina com o próprio. Sendo que o mais importante de todas as vantagens do serviço remoto é a saúde mental do colaborador que sem ter que tomar um ônibus ou metrô lotado poupa energia e se protege do estresse.
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