Todos os dias as manhãs trazem para as ruas um formigueiro humano incontrolável à busca de cumprir compromissos de trabalho, achar um emprego, estudar, encontrar amigos, disputar espaços na sociedade, construir e desconstruir realidades. São profissionais liberais, empregados, desempregados, doutores, empresários, policiais, pais e mães de família e... marginais... São os ingredientes vivos e permissivos de uma violência social que se agrava a cada dia, tomando proporções de tragédia humana e humanitária, porque cada um, como um todo humano, busca uma vida digna, um lugar de destaque, senão no mundo, pelo menos no seu próprio estrato social.Daí até ouvirmos os gritos de dor e alegria, o ruído das balas, o barulho do corre-corre construindo a sobrevivência, o risca-faca das impunidades, o som insuportável das angústias, é um instante só.
É de dentro desse imenso caldeirão que a violência emerge como última saída dos que ficaram para trás, dos que não conseguiram “chegar lá” e sobram, sozinhos e atarantados, perversos e desumanizados, drogados e alcoolizados, famintos e furiosos, prontos para infernizar a sociedade que não os recebeu, nem aceitou.
E ensina Antônio Gramsci que devemos exercer o pessimismo da razão aliado ao otimismo da vontade, no que é referendado por Marcos Costa Lima: “ser pessimista de forma responsável já não é o bastante quando a barbárie bate à porta”. Que o conhecimento que determina a ação e o comportamento político deve operar no sentido de uma liberdade que signifique e materialize melhores condições de vida, principalmente aos povos da periferia do sistema-mundo.
Os riscos ocupacionais, as violências físicas e fundamentais, imbricadas com a violência social, são retratados diariamente pelos olhos do mundo: terrorismo, crueldade, vandalismo, guerra, tortura, agressões, crimes, brutalidade, intimidação e ameaças. O formigueiro humano reage diante da intolerância, das práticas de exploração e intimidação de onde também emerge a violência social.
Ponto parágrafo. Para que Racquel Guzzo nos diga que a violência não se vence, que a idéia da superação da violência pela violência não avança, reproduz o que está vigente, e cada vez num nível maior de intensidade. (JP)
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