sábado, 7 de março de 2009

O mundo não pode ficar entregue ao dinamismo da economia de mercado



“O capitalismo global resistirá aos choques sociais futuros resultantes da automação radical? A manipulação genética deve ter limites? Enfim, a quem cabe controlar a técnica?” Essas perguntas foram formuladas pelo economista Gilberto Dupas num artigo publicado no jornal Folha de São Paulo na última década do século XX. Já falecido, ele que era coordenador de estudos avançados da Universidade de São Paulo (USP).

Três perguntas muito inquietantes, pois se referem aos choques sociais provocados pelo capitalismo, o poder da genética de transformar a raça e a modificar os alimentos e, por último, se cabe a sociedade impor limites a técnica e a ciência.

Eu vou começar respondendo essas suas três perguntas pela última, ou seja, a quem cabe controlar a técnica e a ciência? É a sociedade democrática organizada que deve se preocupar, sobretudo com o avanço e o controle das tecnologias de informação e a automação que estão a ameaçar o mercado de trabalho.

A primeira pergunta que diz respeito aos choques sociais provocados pelo capitalismo e se ele será capaz de resistir a esses choques. O dinamismo da economia que é obcecada pelos avanços tecnológicos, empurra o capitalismo para uma situação onde ele só terá salvação, com as autoridades governamentais intervindo para regulamentar as suas ações e lhe impondo limites.

A segunda pergunta é tão ou mais preocupante que a primeira, pois se trata dos avanços de natureza tecnocientífico, capaz de transformara raça e os alimentos. “As tecnologias adquiram enorme autonomia, tendendo a nos fazer renunciar ao exercício da liberdade e da decisão”, palavras de Gilberto Dupas. O capitalismo em nome do lucro, que é a sua verdadeira alma, acumula capital para reinvestir em tecnologia de ponta, sem ao menos pensar que é o homem que consome e que a perda de poder aquisitivo do trabalhador, quebra uma das pernas do tripé na qual se apóia e fundamenta a economia: produção, distribuição e consumo.

Toda a cadeia produtiva se fragmenta ao ser eliminado o principal elo dessa corrente que só se movimenta tendo um mercador consumidor. Mas pelo visto, os ideólogos do capitalismo e os capitalistas, preferem ficar com os ovos e matar a galinha.

A máquina que está sendo usada para eliminar o homem poderia auxiliá-lo, mas nunca substituí-lo. (Leão Arouche Neto)

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