quinta-feira, 5 de março de 2009

A poesia de Vespasiano Ramos

Cruel

autor: Vespasiano ramos

Ah, se as dores que eu sinto ela sentisse,

se as lágrimas que eu choro ela chorasse;

talvez nunca um momento me negasse

tudo que eu desejasse e lhe pedisse!


Talvez a todo instante consentisse

minha boca beijar a sua face,

se o caminho que eu tomo ela tomasse,

se o calvário que eu subo ela subisse!


Se o desejo que eu tenho ela tivesse,

se os meus sonhos de amor ela sonhasse,

aos meus rogos talvez não se opusesse!


Talvez nunca negasse o que eu pedisse,

se as lágrimas que eu choro ela chorasse

e se as dores que eu sinto ela sentisse! . . .


Samaritana



Piedosa gentil Samaritana:

Venho, de longe, trêmulo, bater

À vossa humilde e plácida cabana,

Pedindo alívio para o meu viver!


Sou perseguido pela sede insana

Do amor que anima e que nos faz sofrer:

Tenho sede demais, Samaritana

Tenho sede demais: quero beber!


Fugis, então, ao mísero que implora

O saciar da sede que o consome,

O saciar da sede que o devora?


Pecais, assim, Samaritana! Vede:

- Filhos, dai de comer a quem tem fome,

Filhos, dai de beber a quem tem sede.

Joaquim Vespasiano Ramos (Caxias, 13 de agosto de 1884 - Porto Velho, 26 de dezembro de 1916 - foi um poeta brasileiro.

Nasceu nas condições mais humildes, desde cedo começou a trabalhar no comécio local, no entanto buscando sempre o saber tornou-se um viajante compulsivo, que levaria o conhecimento a outros povos, durante a sua vida viajou por quase toda a região Norte e também o Sul do Brasil.

Publicou sua obra poética em diversos jornais e revistas de seu tempo. É considerado o precusor da literatura em Rondônia.

Em sua homenagem foi contruído um grande centro recreativo, em Rondônia,e no Maranhão, uma das mais belas praças da capital recebe o seu nome.

É patrono da cadeira n° 32 da Academia Maranhese e da cadeira n°40 da Academia Paraense de Letras.

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